Muita gente na mídia estava decretando o fim da criatividade da Pixar, depois de não termos um filme deles no ano passado, depois de adiarem O Bom Dinossauro e anunciarem mais uma continuação de Toy Story. Muita gente estava dizendo que a Pixar poderia acabar e que as ideias esgotaram e teríamos somente continuações para manter o fluxo de caixa e deixar de arriscar no novo para manter-se no garantido.
Podemos dizer que em relação à Pixar, a única coisa garantida é ir ao cinema e se emocionar, não importa muito sua idade.
Com Divertida Mente a Pixar calou aqueles que diziam que não havia mais criatividade ali.
O estúdio que começou como parte da ILM da Lucas Film, passou pelas mãos de Steve Jobs para vender plataformas de trabalho para tratamento de imagens e modelagem e que se tornou sinônimo de qualidade de animação nos surpreendeu quando nos mostrou como seria se brinquedos tivessem sentimentos. Depois, como seria de monstros, carros, heróis, insetos, robôs, ratos tivessem sentimentos. Agora ficamos surpresos quando vemos que sentimentos podem ter sentimentos.
A história é uma metáfora do amadurecimento de Reily, uma tipica menina de 11 anos nascida em Minnesota que tem que mudar para São Francisco.
Nisso, somos apresentados desde o nascimento dela às suas emoções: a Alegria, a Raiva, o Medo, a Tristeza e a Nojinho.
Partindo da premissa do primal, que fazemos e somos motivados para obter prazer ou evitar a dor, esses cinco sentimentos podem expressar tudo.
O filme demonstra o bruco amadurecimento de Reily pelo processo de amadurecimento dos seus próprios sentimentos, sendo que de cara, você percebe que quem tem mais para aprender, talvez, seja aquela que acha que tem mais a ensinar. E tudo corre por um processo de ruptura. Há quem diga que o amadurecimento vem sempre com processos de ruptura e de questionamento moral, embora em muitos casos seja um processo longo, que passa pela propriocepção e aceitação do eu.
Há críticas pelo fato de ser uma menina estadunidense e que isso não representaria muito, não se encaixaria na realidade do Brasil, por exemplo, mas não creio que isso seja válido. Fora os "regionalismos" os processos são semelhantes e a identificação com as situações são simples e coerentes.
Temos a questão dos amigos que deixamos para trás. As coisas que amamos. Os lugares que conhecemos. E conhecer e abraçar o novo, estranhar o novo mundo e não saber seu lugar nesses novos contextos. Como se a alegria desaparecesse e tudo fosse medo, desagrado e raiva. Nem tempo para entristecer existe. Custamos, às vezes, a nos adaptar. E procuramos culpados e tentamos voltar para o que conhecemos, buscando situações familiares e próximas para obter ou voltar para a nossa zona de conforto.
Visualmente o filme é soberbo. Colorido e desenhado para atender um universo inexistente de organização. Para tanto, os produtores buscaram inspiração na industria alimentícia. Por isso o armazenamento de memórias é literalmente parecido com enormes gôndolas e os tubos nos lembram das enormes esteiras de produtos que vemos em programas sobre fábricas. As memórias seguindo em esteiras me lembraram o documentário sobre o envazamento de Coca-Cola. Quando pesquisei sobre o filme descobri que era verdade,
As memórias, cada uma com sua cor, lembram as balas de goma. Ou bolinhas de gude.
A Alegria foi um pequeno desafio para Pixar: seus algoritmos para animação foram criados para desenvolver várias sensações de realidade com luz e sombra, mas a Alegria é uma fonte de luz e, dessa forma, não tem sombra. Foi necessário reescrever o algoritmo para ela.
A escolha das cores é condizente com os sentimentos de ficar vermelho de raiva, azul de tristeza, verde de asia, roxo de medo, brilhante como um sol de alegria.
E a maneira como várias coisas são demonstradas é maravilhosa, como o enorme abismo onde vão as memórias, o esquecimento e, mais que isso, a forma como é feita a triagem das memórias que serão descartadas. A piada sobre a mistura de fatos e opiniões da Reily é magnifica. E momentos de realização dos animadores com suas ferramentas, como o caso do pensamento abstrato, te fazem rir por imaginar tudo se tornando cúbico ou geométrico, como uma verdadeira obra de arte abstrata. Até mesmo a sala de comando é uma referência aos estilos dos anos 50 e 60 do sci-fi, lembrando os consoles de séries como Perdidos no Espaço e Viagem ao Fundo do Mar, ao mesmo tempos que você imaginar os Jetsons ou alguma outra obra da Hanna-Barbera homenageada no design.
As piadas sutis vão falar mais aos adultos dos às crianças mas, ainda sim, seus filhos, seus sobrinhos, vão amar o filme que, na verdade, é uma grande aula de psicanálise colorida, divertida e com momentos de emoção que vão te fazer lacrimejar (os mais fortes) e até mesmo chorar (seus manteigas derretidas!).
E a maneira como várias coisas são demonstradas é maravilhosa, como o enorme abismo onde vão as memórias, o esquecimento e, mais que isso, a forma como é feita a triagem das memórias que serão descartadas. A piada sobre a mistura de fatos e opiniões da Reily é magnifica. E momentos de realização dos animadores com suas ferramentas, como o caso do pensamento abstrato, te fazem rir por imaginar tudo se tornando cúbico ou geométrico, como uma verdadeira obra de arte abstrata. Até mesmo a sala de comando é uma referência aos estilos dos anos 50 e 60 do sci-fi, lembrando os consoles de séries como Perdidos no Espaço e Viagem ao Fundo do Mar, ao mesmo tempos que você imaginar os Jetsons ou alguma outra obra da Hanna-Barbera homenageada no design.
As piadas sutis vão falar mais aos adultos dos às crianças mas, ainda sim, seus filhos, seus sobrinhos, vão amar o filme que, na verdade, é uma grande aula de psicanálise colorida, divertida e com momentos de emoção que vão te fazer lacrimejar (os mais fortes) e até mesmo chorar (seus manteigas derretidas!).
Mais detalhamentos e vou começar a spoilar. Logo, vá ver o filme e tire suas próprias conclusões. Preste atenção nos detalhes e, no fim do filme, veja as animações dos sentimentos de vários personagens do filme. Destaque para a professora e o gato,