Quando foi anunciado que o último filme do Hugh Jackman como Wolverine seria baseado nos quadrinhos, especificamente O Velho Logan, eu pensei, com o perdão da má palavra, "caralho!!! Como vão rodar O Velho Logan sem os personagens??? A Fox só tem direito ali à Rainha Branca e o Dr. Destino!! Isso vai dar merda!!"
E fiquei pensando nas burradas imensuráveis que a Fox poderia fazer com o filme.
O Velho Loga conta a história de um Wolverine aposentado, que jurou nunca mais usar suas garras em um mundo onde os vilões venceram. Os Estados Unidos foram divididos em 4, com a Costa Oeste sendo governada pelo Hulk, que virou um tipo de coronel do Sul dos EUA que pegou a prima e teve um monte de filhos com ela e governa com a família de rednecks. É onde o Logan vive e toca uma fazenda, tomando conta da mulher e dos filhos e sofrendo para pagar o aluguel para o povo do Hulk.
E fica assim até que um dia, chego o Gavião Arqueiro, cego, e propõe uma viagem para levar alguma coisa para o outro lado do país e ganhar uma grana que garantiria anos de paz com a fazenda. O Logan topa e vão. Passam pelo territória que era de um cara que acabou sendo morto pela filha do Homem-Aranha que se torna a nova governante do território e quer matar os dois pra fazer fama. Depois passam pelo território do Dr. Destino, que casou com a Rainha Branca, e isso faz com que tenham passagem pacífica por esse território, até chegarem no território do Caveira Vermelha, que vive na casa branca travestido de Capitão América, meio pinel, meio Coringa.
Ele consegue, volta pra casa, e acha todo mundo morto porque os filhos e netos do Hulk acharam que ele não conseguir voltar. Aí devoraram a família do Logan. Ele fica puto e a promessa de não usar as garras vai pro vinagre e vemos muito sangue verde para encerrar a história.
É uma história pesada de futuro distópico que faz com que gostemos mais ainda no Logan, um homem carcomido pela culpa e pelo peso dos anos.
Aí nas primeiras imagens do filem você já sabe que não vai ser o velho Loga, pois colocaram a X-23 na história. E você pensa... "mas... como vão contar a origem da X-23... ela foi clonada pela IMA... a Fox não tem direito de uso da IMA... " e eles já deram a explicação no final de X-Men: Apocalipse, mostrando a empresa do Sr. Sinistro. Ok, pode ser. Mas eles usaram os nomes dos cientistas que a criaram. Menos mal. A tempo: a X-23 foi criada para a série animada X-Men: Evolution,e só foi incorporada aos quadrinhos depois, com o detalhamento de sua história, poderes e personalidade.
Aparece um Xavier velho. E senil.
HUm... vamos ver o que o filme nos reserva.
E finalmente o filme estréia e percebemos que a única premissa de O Velho Logan que usaram foi o conceito de um Logan cansado e o drama de road movie. E ficou ótimo! Tanto que não se sente passarem as duas horas e vinte de filme. Se fosse ruim, cansava.
A primeira cena é o Logan tentando impedir que roubem sua Limousine, seu ganha pão. Temos já nessa cena o primeira resposta sobre a crueza da coisa. Tem cenas dessas violência no trailer, então não é spoiler. É brutal. E triste ver o quanto ele se preocupa com o carro para não parar de trabalhar e ganhar dinheiro.
Até o dia que aparece a mulher com a menina para o Logan cuidar, bem no estilo "pega que a filha é tua". Dai por diante é a fuga, a viagem para algum lugar.
Eu pensei que o Hugh Jackman tinha atingido o seu auge de interpretação em Os Miseráveis, mas me enganei. Nunca vimos um Wolverine tão humano, tão confrontado com seus fantasmas, tão vulnerável. Enfim, Wolverine nunca foi tão humano. O ápice dessa humanidade, ao final do filme, é tocante e explica porque algumas pessoas choraram nas apresentações para a imprensa. Não sabemos se o que o mantém ligado ao Professor Xavier é culpa, lealdade, devoção, dever ou sincera amizade, mas é um laço que é mantido até o fim, como devem ser longas amizades. Alguns dos diálogos engraçados são dos dois, pois a condição humana também é ápice de um Xavier nonagenário e dependente. Se sempre entendemos que o professor paraplégico tinha algumas necessidades especiais, a velhice fragiliza ainda mais a situação. Nos compadecemos de como podem cair os poderosos e mais ainda ao perceber o quanto um simples jantar em família pode ser precioso para quem perdeu tudo.
A menina Laura, a X-23 é interpretada pela jovem Daphne Keen Fernández, atriz britânico-espanhola, e se mostrou uma escolha muito boa usar uma criança em vez de uma adolescente. Primeiro, porque isso ajuda a criar um laço de paternidade mais facilmente assimilável, embora esse seja um dos problemas do filme: como a personagem é muda até quase o final do filme, não criamos uma simpatia genuína com ela. Se ela morresse no final do filme, só sentiríamos a morte de uma criança sofrida, clonada para ser uma arma. Quando ela fala, também, parece o ogam de tanto que reclama. Não, não é spoiler, a X-23 não é muda em mídia alguma. O quando ela fala que é surpresa, junto com a demonstração de outros talentos. A segunda coisa é que, se usassem uma adolescente, não seria a mesma coisa. Adolescentes são chatos, cheios de hormônios e, para o cinema, creio que poderia até haver uma sexualização da personagem.
O fato de não ter continuação, ser o fim de uma saga, também resolve o futuro, pois se o esqueleto da X-23 também é de adamantium, os ossos não não crescer então ela não cresce.Seria uma menina velha para sempre. Mas isso não fica claro no filme e nos quadrinhos o esqueleto dela não é totalmente de adamantium. então, nunca saberemos. Ou não. Sei lá.
Os vilões estão lá, mas não são vilões espetaculares. São apenas para termos o enfrentamento. O vilão real é o mundo como ele se tornou, os tempos que mudaram. Donald Pierce, o mercenário carniceiro interpretado pelo cara do DEA de Narcos, Boyd Holbrook, não é nem de longe, o Rei Branco do Clube do Inferno em sua origem dos quadrinhos. Aqui é um mercenário, líder dos Carniceiros, incumbido de trazer a X-23 de volta. Ele nem que treta com o Wolverine. Não foi pago pra isso. Mas se fosse pra ser somente assim, não teria filme. O criador da X-23 também esta lá, do Dr. Zander Rice, interpretado por Richard E. Grant. Mas como eu disse, como vilões, eles tem pouco impacto. Poderia ser qualquer outra equipe mercenária e qualquer outro governo e qualquer grupo que faria pouca diferença. Eles tem, em si, pouco apelo dramático além de ajudar a contar como o mundo se tornou o que é, o porque não haver mais mutantes, de como as corporações dominaram a vida. Se tornar acessórios narrativo, ferramentas para desenvolver os personagens que contam.
A violência do filme é limpa, não é gratuita e nem desnecessária. Mas é brutal muito gráfica, vemos o Wolverine como é nos quadrinhos: se tem que ser feito, que seja feito logo. Mesmo porque, o fator de cura do Logan está bugado, fraco, ele está sendo envenenado pelo próprio adamantium de seu corpo, por isso toda luta é um custo alto e deve ser evitada ou encerrada logo. Wolverine não é mais imortal. E no fim, a maior luta de Logan é com ele mesmo.
Eu gostei muito do filme, mas tem algumas pequenas mancadas de roteiro e, apesar de todo o esforço dramático de Hugh e Patrick, existem momentos entre Logan e Xavier que parecem sem cola, enquanto em outros estão soberbos. Comparados com os outros dois, o nível elevou drasticamente. Wolverine: Imortal é tão ruim que não consegui rever nem em reprise na TV. O primeiro eu até gosto, apesar das pessoas que não sangram. Mas Logan se supera como um dos melhores filmes so Universo X-Men, tendo sua cronologia atrelada aos três filmes originais, reforçando que a Fox não tem linha cronológica que possamos entender. Não é melhor filme de super-herói já feito, não é perfeito, tem momentos em que você sabe o que vai acontecer, coisas óbvias, mas honra o velho carcaju com uma despedida de respeito, que vale a pena ser vista e apreciada.
Logan (Estados Unidos, 2017)
Direção: James Mangold
Com: Hugh jackman, Patrick Stewart, Daphne Keen Fernánde, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Richard E. Grant
Duração:2h 21m
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