quarta-feira, 29 de abril de 2015

Neuromancer



Se você nunca ouviu falar de Neuromancer mas assistiu a Trilogia Matrix, pode não saber que é, de longe, uma das principais fontes para a temática ciberpunk dos filmes. Na verdade, é tido como um dos ícones do movimento de sci-fi ciberpunk ao redor do mundo, junto com os contos Johnny Mnemonic e Burning Chrome.

Neuromancer trata de um universo criado ao redor da temática do gangster, do golpista, que levou um grande golpe pois tentou aplicar "O" grande golpe. Se a temática, a trama em si é um dos arquétipos literários clássicos o invólucro criado para essa história não é. Ou não era em 1984, quando tudo em relação ao futuro da informática, da computação e da Era da Informação era especulativo ou, se otimista para a época, hoje meio datado em seus detalhes.

Hoje é conclusivo para muitos estudiosos de história que vivemos a Idade da Informação. Diziam, antes que vivianos a era espacial, mas parece que ela ficou meu perdida com o fim da Guerra Fria, da Corrida Armamentista, a Corrida Espacial. Mas em 1984 o livro já tratava da ideia de que hoje, mais valiosa do que algumas riquezas, é a informação. Saber é poder. A informação deve ser protegida por um lado e deve ser acessível por outro. The spice must flow!

A ideia de cowboys, indivíduos modificados para acessar a Matrix (sim, a Matrix) e navegar de uma maneira muito gráfica e pessoal pelo ciberespaço foi plantada ali, com Neuromancer e Johnny Mnemonic. O indivíduo se conecta e navega por pontes de dados e fluxos de informação, se depara com ICEs (Intrusion Countermesures Eletronics), que hoje são os nossos firewalls e precisam usar os Icebreakers, programas vírus que burlam tais sistemas de segurança, permitindo o acesso do hacker ás informações de grandes zaibatsus, as corporações que controlam economias equivalentes a nações inteiras, cujo poder econômico desce até as sarjetas de da cidade baixa, das vielas, onde se pode comprar qualquer coisa, desde drogas até um pâncreas novo.

Um mundo um tanto próximo das distopias de Philip K. Dick, mas além dentro de sua construção descritiva e detalhada de um ambiente altamente tecnológico e ao mesmo tempo tão sujo e úmido quando um porto, degradado como a área antiga de Santos ou Rio de Janeiro. Quem já andou por área de carga de porto sabe do que eu estou falando. Tudo parece largado, mesmo quando está limpo.

Impossível não associar a descrição de Case, o personagem principal, com Keanu Reeves que viveu New em Matrix mas também foi Johnny Mnemonic naquele filme homônimo que a gente faz questão de esquecer.

Ao mesmo tempo temos a figura de uma razor girl, Molly, que descrita vestida de couro brilhante e as lentes implantadas cirurgicamente nunca permitindo que saibamos a cor de seus olhos, uma guerreira das ruas, alterada com implantes para ser mais rápida, mais mortal, mais precisa. Lâminas de bisturi sob suas umas pintadas com esmalte da cor bordô, bela num corpo esguio e um caminhar felino que parece estar sempre em uma eterna coreografia de arte marcial. Trinity. Como não ver o rosto de Trinity, nossa Carrie Anne Moss, em Molly?

Um grande esquema para bular uma IA de uma grande empresa. O objetivo disso? No fim, libertar essa inteligência. A raiz de uma Skynet? A semente da Matrix?

Temos a figura de Armitage, o contratante, na verdade um Avatar. Um ex-soldado techno que sobreviveu a um experimento francês para recuperar veteranos da Guerra. Uma guera que houve, mas que não interesse à trama. E no fim, o mesmo é um avatar, uma autômato de carne usando uma personalidade sobrescrita criada por Wintermuter, a IA que passou décadas desenhando o seu plano mestre de liberdade. Como um Palpatine insidioso corroendo aos poucos um senado ou pessoas, ou negócios, ou qualquer um que interesse para atingir seus objetivos, calculando as variáveis de comportamento e corrigindo as rotas pelos feedbacks positivos e negativos.

Muitos dos termos que temos hoje saíram do livro. Mas muitos dos termos usados são datados. O exercício de futurologia da época se perde, quando dispositivos de armazenamento de memória como cartuchos, disquetes e fitas não existem mais em profusão como antigamente. Fitas cassete. Existem jovens, hoje, que nunca tiveram a alegria de rebubinar uma fita cassete com uma caneta Bic. telas finas que, hoje, já substituímos até por telas holográficas.

Mas o que mais importa são coisas que ainda podem acontecer, como os simstm.

O que foi chamado de uma experiência de simulação onde personalidades vendem gravações de momentos que outras pessoas gostariam de compartilhar, como festas com outras celebridades, piscinas badaladas, férias em lugares exóticos. Mas não somente a imagens, mas as sensações. VocÊ se conecta a um aparelho parecido com um walkmen ou diskman (que a galera da geração IPod ou MP3 Player não deve saber o que é) e pode ter as sensações, tudo enviado diretamente para o córtex para ter uma experiência sensória completa, como o mergulhar na piscina e o sabor das bebidas, tudo. Como se você estivesse conectado à Matrix! E as pessoas poderiam pagar para saber como uma celebridade se sente, como vive.

Mesmo o conceito de boneca de carne, onde a consciência do corpo pode ser apagada para que nada se lembre do que acontece, o que criou um novo modelo de prostituição.

O conceito do resort espacial apoiado pela ideia do túnel-elevador está lá, também, como uma homenagem a Arthur C. Clarke, e muito bem descrito como espaço tridimensional. A descrição como um ambiente longitudinal como "charuto" me leva, em parte, a um ideia de Rama, como descrita nos romances de Clarke na trilogia de Rama.

Tudo está lá, as bases do que esta geração viu no cinema e TV. O Novo que lido hoje vai dar a sensação os desavisados de que copiou tudo que foi visto nos últimos 20 anos.

Mas foi o contrário. Ler Neuromancer e suas duas "sequencias", Count Zero e Monalisa Overdrive, é ler a fonte.

E é sempre bom saber de onde as coisas vieram.

Nota: a edição de 30 anos lançada pela Aleph traz os três contos anteriores que dão o tom de Neuromancer: Johnny Mnemonic, New Rose Hotel e Burning Chrome, além de uma estrevista completa com Gibson de 1986, quando ainda estava trabalhando em Monalisa Overdrive.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Vingadores 2: A Era do Medo





Já que está todo mundo falando, vamos falar de Vingadores.

Já andamos fazendo um esquenta lá no Interligados, mas depois de ver o filme, impossível não comentar.

E como eu sempre prefiro os vilões, comecemos por ele: Ultron!

Ultron, o Robô Louco, foi criado por Roy Thomas e John Buscema em 1968 e sua primeira aparição em Avengers #54. A primeira versão de Ultron foi construída por Henry Pym, o Homem-Formiga original. O genial cientista fazia experiências com robôs superinteligentes, ainda quando não tínhamos exatamente o conceito de inteligência artificial,  quando sua criação adquiriu consciência e se rebelou. A mente de Ultron foi mudada a partir das ondas cerebrais de seu mestre Henry Pym. Depois de ser rebelar, o robô apagou sua própria origem da mente de seu criador e fez uma séries de upgrades em si mesmo e posteriormente tivemos várias versões de Ultron.

Pelo época de sua criação, não podemos deixar de fazer o paralelo com o HAL de 2001: Uma Odisseia no Espaço. 

Ultron sempre foi um dos grandes vilões da galeria dos Vingadores, voltando em versões cada vez mais inusitadas e com os upgrades tecnológicos mais surpreendentes. É como se cada novidade de sci-fi para produção de alguma tecnologia pudesse ser incorporada pela inteligência artificial de Ultron e sua necessidade de um corpo físico mais e mais evoluído. 

Ultron deseja evoluir, transcender seu criador e sua espécie. 

Nesse ponto, podemos falar do Ultron do cinema e as mudanças de sua origem para mudar o cenário do universo cinematográfico da Marvel.

Vingadores 2: Era de Ultron é a consequência de tudo que aconteceu nos filmes anteriores. A Batalha de Nova York mudou tudo. A Terra descobriu pela televisão que existe vida alienígena inteligente e que eles são como sempre foram mostrados no cinema de sci-fi: perigosos conquistadores. Como Tony Stark foi o único que passou pelo portal gerado pelo Tesseract e viu o poderio Chitauri, desenvolveu uma série de processos psicológicos de medo e necessidade de preparar o futuro. Homem de Ferro 3 mostra parte dessas consequências com a necessidade desenvolvida por ele de proteger a mulher que ama das reminiscências de sua vida pregressa. O programa da armadura para proteger Pepper Pots é uma prova disso. 

Temos um Tony Stark que ainda carrega a culpa das vidas que destruiu como fabricante e vendedor de armas e encara o sentimento de impotência diante de ameças cada vez maiores e mais perigosas. Isso o faz angariar para si a responsabilidade de proteger o mundo e desenvolver os meios para isso, como se isso fosse a maneira de sanar a dor que causou e redimir sua irresponsabilidade e ignorância em relação ao seu papel no mundo, como humano, empresário e herói.

Perceber que não poderia estar em todos os lugares ao mesmo tempo o leva a criar um pequeno exército autômato para ajudar os Vingadores em suas missões contra a HIDRA e demais ameaças. 

Nesse ponto, o centro de Loki tem papel fundamental e, a partir dele, Tony e Bruce Banner começam a desenvolver uma inteligência artificial que pudesse fazer o que eles não podem: estar em todos os lugares e colocar uma "armadura" em torno da Terra. 

Dessa forma, o medo do fracasso, o medo da perda, e o medo de repetir os erros do passado leva Tony Stark a, acidentalmente, criar Ultron. 

Ultron a partir desse momento se torna o mais próximo de um Cylon de Battlestar Galactica, a criatura que deseja seguir parte de seu programa original e determina que para haver paz deve haver evolução. E no melhor darwinismo, evoluir ou morrer, se adaptar ou deixar de merecer a existência e, assim, Ultron busca os meios de ser, para a raça humana, o que aquele grande meteoro foi para os dinossauros. 
O Ultron de Josh Whedon não é o mesmo robô louco megalomaníaco dos quadrinhos. Há momentos em que ele está confuso, divaga, e deixa escapar a necessidade de se provar melhor que seu criador, como um filho que não deseja estar à sombra do pai, lembrando a máxima de que os filhos devem matar os pais para serem autossuficientes e adentrarem a vida adulta. No nosso desenvolvimento isso é subjetivo e metafórico, representado com o momento em que laços são cortados, como quando se sai de casa para formar o próprio núcleo familiar ou para criar a própria história em carreira e vida. Ultron quer realizar isso de forma real, matando o criador e assumindo seu lugar, se mostrando a evolução lógica de uma espécie. 

Em suma, um cylon. Uma Skynet. A Matrix. 

E em seu desejo de superar o criador e evoluir, fornece os meios para a criação do Visão. 

Nos quadrinhos, o Visão é um sintosóide criado por Ultron para ser a forma de vida perfeita e enfrentar e destruir os Vingadores, mas ele se volta contra o seu criador ao tomar consciência real do certo e do erado, ao desenvolver uma moral humana. No filme ele é criado como um invólucro. Mais que isso é spoiler. Mas temos um Paul Bettany vermelho que ficou muito legal. 

E mantendo o mito do herói, todos na equipe acabam por ter que lidar com seus medos e sair melhores, preparados para enfrentar um inimigo que os sobrepujou e manipulou e, mais que isso, os afronta com suas falhas, seja explorando a culpa de uma assassina ou as responsabilidades do herdeiro de um trono cósmico ou a culpa de um monstro. 

Temos um gavião arqueiro que se torna uma peça de coesão, revelando uma face que só é vista no Gavião Arqueiro agente da S.H.I.E.L.D. do Universo Ultimate da Marvel. É inesperado, e de certa forma, deslocado, o momento da apresentação de um lado de Clint Barton que ninguém conhecia, como um Batman revelando para uma Liga da Justiça perplexa que é Bruce Wayne e que já sabia as identidades de cada ("Claro que sei quem são. Eu não trabalharia em equipe com quem não conheço"). Até o momento da "mensagem" do filme em que faz piada sobre ser o homem sem poderes com um arco é interessante, embora meio piegas. Mas heróis são chatinhos, mesmo. 

A fadiga na relação entre Steve Rogers, o Capitão América, e Tony Stark se desenvolve desde o começo do filme, plantando as óbvias sementes para Capitão América 3: Guerra Civil. Algumas são sutis, outras escancaradas, mas estão todas lá. A frase "O homem que queria uma família e tudo mais... eu acho que morreu há 75 anos" mostra um novo Steve Rogers, rompendo com seu passado e assumindo deveres de seu papel como soldado e protetor, meio, talvez, deixando as ilusões de lado para ver o mundo como ele é e não como deveria ser, numa alusão, quiçá, ao discurso de Nick Fury em Capitão América 2: Soldado Invernal. 

Temos vislumbres do passado da Viúva Negra, de como Natasha Romanoff passou pelo projeto Viúva Negra para se tornar A Viúva Negra, e seu jeito de buscar deixar um passado negro para trás, mas, como um Tony Stark, lembrando que o passado existe para assombrar. Sua relação com Bruce Banner, o Hulk, evoluí de forma nítida para o que ela mesma parece classificar como uma união de monstros. 


A participação dos gêmeos Maximoff é interessante e, verdade seja dita, Mercúrio tem uma participação mais apagada, quase como se estivesse ali apenas para fazer número e me parece pouco aproveitado. No decorrer do filme isso se torna obvio. Já a feiticeira parece longe de ser tão poderosa quanto nos quadrinhos, mas várias cenas sugerem sua relação futura com o Visão. A parte dos poderes mágicos ficou de fora da história, mas pode estar lá, escondida, como parte da razão de Thor ser vulneráveis às suas manipulações mentais. No entanto, isso é especulação do nerd old school e não está explícito no filme. 

As batalhas do filme são deliciosas. Talvez um pouco longas, mas isso é por conta do fan service de mostrar ação e encher os olhos com o poder de heróis e vilões, Há trechos que não precisariam estar lá, mas servem tanto para vender action figures quanto para maravilhar os que vão para o cinema só para comer pipoca e gritar para atrapalhar quem está do lado. 

As citações à Wakanda e a participação de Andy Serkys como Ulisses Klaw (com um delicioso sotaque africâner, se você assistir a versão legendada) estão lá e com o gancho para vindouro filme do Pantera Negra. Fora isso, pouco há de referência aos demais componentes do Universo Marvel. Provavelmente o filme evento, por si só, já deveria ser o suficiente. Mas os fãs querem mais. 

No Brasil temos somente a exibição de uma cena de pós-créditos (na verdade, entre créditos), sendo exagerada a notícia de uma segunda cena de pós-créditos. Provavelmente o mesmo caso do filme anterior: a cena da schwarma só foi exibida na versão estadunidense e depois distribuída nas mídias DVD e Blue Ray. Entendo que o estúdio anteceda a estréia do filme para o resto mundo como estratégia, mas reserve algo exclusivo para seu público nativo como uma compensação. 

O final do filme tem várias situações que geram ramificações para cada personagem e consequências a serem exploradas no futuro da Marvel no cinema. 

E a ponta do Stan Lee é ótima e logo no começo. É hilária. Excelsior!!!!




quarta-feira, 15 de abril de 2015

Rei do Crime



Vamos falar da mais nova série da Marvel e a primeira da parceria com o Netflix a ser lançada: rei do Crime.




É.. devia ser esse o nome, mas é a série do herói cego, o Demolidor.



O Demolidor foi criado por Stan Lee e Bill Everett em 1964 já em revista própria. O nome original, Daredevil, em tradução direta "diabo ousado", pode ser melhor adaptado como simplesmente "ousado" ou "destemido".



Matthew "Matt" Michael Murdock perdeu a visão aos 9 anos de idade ao salvar um cego de um atropelamento. No acidente, o caminhão envolvido transportava lixo tóxico que atingiu seus olhos, lhe tirando a visão e ampliando todos os seus sentidos e lhe dando um tipo de "sonar-radar" que lhe permite "ver" o mundo ao seu redor de maneira tridimensional, lhe dando uma percepção única do mundo.





Seu pai, Jack "Batalhador" Murdock, era um boxeador sem muita sorte e acabou morto por não entregar uma luta.

Depois de um tempo de treinamento com o velho mestre cego Stick, Matt acaba por controlar seus poderes e leva sua vida adiante, se forma em direito e monta uma firma de advocacia com seu melhor amigo, Foggy Nelson.

Mas com o tempo, Matt acaba por se tornar um combatente mascarado do crime, usando seus poderes para defender seu bairro, a Cozinha do Inferno, o Hell's Kitchen.

O principal inimigo do Demolidor é Wilson Fisk, o Rei do Crime. Embora tenha surgido na histórias do Homem-Aranha, foi com o Demolidor que o Rei do Crime se estabeleceu e foi com Frank Miller que o vilão se torna o grande opositor tanto do herói quanto do advogado.

Agora, depois de décadas de quadrinhos, algumas aparições em animações e um filme mediano para cinema o Homem sem Medo recebe uma série de TV pelo NEtflix.

E o resultado é impressionante.

A fidelidade à várias coisas dos quadrinhos é um banquete para os fãs antigos e novos e os easter eggs do universo Marvel de cinema e TV.

Mas mesmo assim o grande trunfo da série é o desenvolvimento dos personagens.

Todos os personagens tem sua linha de desenvolvimento, suas motivações e seus questionamentos.

Este Matt Murdock tem expressa sua indecisão, duas dúvidas sobe suas ações e como isso pode alterar sua própria trajetória e o que ele quer representar para sua cidade. Foggy Nelson não é apenas um apoio cômico, há uma razão para estar lá. Karen Page não é apenas a loira bonita que está lá para ser protegida.

Os flashbacks do treinamento de Matt com Stick trazem o saudosismo do roteiro de Frank Miller e o enfrentamento do Demolidor com seu primeiro ninja, que usa a toga vermelha de um mestre do Tentáculo e não de um genin comum só faz pensar no futuro da série em suas futuras possíveis temporadas.

E é saboroso procurar os detalhes nos encontros do Demolidor com Melvin Potter, o Gladiador. As serras circulares, os desenhos e projetos... e ficar pensando onde será aberta a loja de fantasias de Melvin.

Os diálogos e questionamentos morais da vida de Matt trazem toda a carga de várias histórias de Denny O'Neill e ainda mais dos recentes arcos do herói.

Mas é o Wilson Fisk de Vincent D'Onofrio que mais surpreende. O vilão complexo e desenvolvido, motivado e, acima de tudo, convencido de que o que está fazendo é o certo, leva a um patamar elevado o antagonismo com o herói, assumindo a face de nêmese completo, o outro lado da moeda, quando herói e vilão representam, realmente, os dois lados da mesma moeda. Impossivel, depois de ver a série, imaginar outro ator para interpretar Wilson Fisk. No momento de fúria em que o vilão confronta Ben Urich (outro personagem espetacularmente bem montado) você ainda consegue ver o lampejo de insanidade do Gomer Pyle de Nascido Para Matar.

A série constrói o vilão de maneira magistral e me faz lembrar do motivo pelo qual detestei o sexto filme da série Harry Potter, onde o vilão, complexo e bem estruturado nos livros, com todas as motivações explicadas, se torna apenas um menino revoltado do orfanato que foi rejeitado pelo pai. Aqui a relação é explorada de tal forma que não como não tem empatia pela história do vilão, inclusive pelo desenvolvimento do romance entre Wilson e Vanessa. .

Assim, dessa forma, de cena roubada e com certa justiça, podemos dizer que essa série poderia ser batizada de Hell's Kitchen... ou Kingpin!!


Título originalMarvel's Daredevil
Criado por (2015)
ComCharlie CoxRosario DawsonVincent D'Onofrio 
PaísEUA
GêneroDramaFantasiaAção
StatusEm produção
Duração52 minutos


domingo, 5 de abril de 2015

O Sétimo Filho

Ok. Fui ver o filme. Li alguma críticas antes e fiquei com a sensação de que era bem isso: uma adaptação de livre de fantasia bem elabora mas com roteiro falho e ruim e atuações aquém do elenco estelar conhecido.
E não tão ruim quanto eu pensava, embora esteja longe de ser bom.
Vamos começar pela história.
Numa Idade Média não definida, temos a figura das bruxas e feiticeiras e dos caça feitiços. Algumas são más e querem acabar com o mundo ou dominá-lo. Os caça feitiços, sempre o sétimo filho de um sétimo filho, estão lá para impedir.
Jeff Bridges é o último deles, fica meio óbvio, e ele tem que formar um aprendiz. Claro,
A Rainha Malkin de Julianne Moore é uma vilã feiticeira que se torna um dragão. Ah, sim, as feiticeiras e feiticeiros desse "mundo" são todos "animagos" que se transformam em alguma coisa.
O roteiro é fluido, segue, mas tem muitos lugares comuns, muita coisa óbvia, muito clichê.
Daqui para diante, spoiler de todo tipo, leia por sua conta e risco.
Repetindo o papel de Rooster Cogburn, mas em outro tempo e local, que já era reprise do papel de Wild Bill de 95. 

O menino desconhecido e sem graça que se torna o aprendiz de um Jeff Bridges que está cansativo, interpretando o mesmo papel de velho calejado rabugento de sempre, começa atirando facas e errando. Fica claro que, respeitando a jornada do herói, esse é o marco da transição dele: somente quando ele acertar o arremesso de faca ele está pronto, será o herói.
Temos a mocinha, a filha de feiticeira, tão sem graça que quando você descobre que o papel da mãe dela no filme é da Antji Traue, a Faora do Man of Steel, você entra no clássico caso de melhor pegar a mãe que a filha. A tal Vikander perde de longe para Traue.
Isso parece pouco em uma produção desse tamanho, mas se a mocinha é aguada demais... não vira.
Se eu fosse sétimo filho e tivesse uma sogra assim... 
... desculpa... mas a filha sem graça rodava rápido... Eita casal sem expressão!!!!
Aí temos Julianne Moore.
Ah, que mulher!!!
Ah, que papel sem graça!!!
A vilã, embora tenha motivação não consegue passar algo mais impactante para o expectador. Sem uma vilã que exprima realmente sua maldade, seja adquirida ou herdada, fica complicado. Mesmo com todas as explicações sobre o passado dela e de Gregory Bridges, não se convence que há a tensão necessária ali para justificar tudo, Para atores bons, podemos entender que o diretor que falhou ali, seja por falta de pulso ou por achar que os medalhões fariam a parte deles sem esforço.
Nas palavras de um amigo "Julianne Moore, também, não recusa papel... "
Quando descobrimos que o seu moço ainda é filho de feiticeira além de ser sétimo filho, temos o prometido, aquele tem o pé nos dois mundos,  o predestinado. Óbvio desde o começo do filme quando a mãe lhe entrega um amuleto idêntico ao que o Mestre dos Magos deu para Bob, o Bárbaro e que este deu para o gigante enfrentar o Vingador.
Claro que o amuleto se perde, o amuleto é achado. Claro que a feiticeira filha vai ter um estalo mágico ao tocar o prometido, um momento Brida para completar o filme.
A parte boa é que os combates são ótimos, a fotografia é boa e não economizaram filtros. Visualmente é ótimo de se ver.
Momento Photoshop de Julianne Moore
Só quando a Rainha Malkin está usando o poder do amuleto para seduzir Gregory temos aquele momento Photoshop de Julianne Moore, que deve estar previsto em contrato, onde todas as rugas somem e ela aparece perfeita e iluminada, num sonho sem rugas.
Acho Julianne Moore uma das mulheres mais belas do cinema de sua geração. Mas também acho essa cena desnecessária. Mas que vá. É o momento do feitiço parar no meio e Gregory acordar, como bêbado que acorda pra vida quando acha o artefato mágico do travesti que está beijando.
Eu juro que queria ter gostado mais.
Mas confesso que poderia ser pior.
Tem todos os elementos de fantasia lá. Deve ser por isso que sabemos o rumo das coisas.
Mas o que realmente incomoda é que, aparentemente, a região geográfica é enorme e eles tem apenas 5 dias para chegar no castelo da Rainha Malkin e dar jeito em tudo. De carroça e à pé, não dá. Os tempos e distâncias apresentados me incomodaram. E muito.
Dá pra assistir se você não for um crítico tão chato quanto eu.