sábado, 17 de dezembro de 2016

Rogue One: Um conto de Guerra







Quem tem a minha idade e gosta de nerdice é um mentiroso se diz que não esperava por isso desde sempre. Quando descobrimos o universo expandido e quando imaginamos quando é que o George ia terminar de contar a história. E mais: quando é que iam contar as histórias por volta das história?


Agora temos uma realidade nova com Rogue One: Uma História de Star Wars, que estreou essa semana. E, claro, fui ver na pré-estréia da meia-noite. E, claro, finalmente, depois de anos, a Cinépolis conseguiu me vender um combo de pipoca porque eu tinha que ter uma Estrela da Morte na minha estante, mesmo meio mixuruca, de plástico. 

Mas o que vem a ser Rogue One?

Rogue One não se enquadra exatamente como um spin off, pois é uma história complementar. Conta como a Rebelião conseguiu os planos da primeira Estrela da Morte e o quanto isso foi custoso. Posterior ao filme original de 1977, sempre se imaginou, ou foi contado no universo expandido, que foi através da rede bothana de espionagem(o amigo Eric Klink me lembrou que a rede bothana descobriu a segunda Estrela da Morte, em O Retorno de Jedi). Mas isso nunca foi tão bem contado. Então resolveu-se que o novo cânone criado pela Disney poderia se aproveitar disso. E temos um filme sem jedis, sem Skywlakers e Kenobis. E só isso já nos deu uma premissa diferente. 


Então, primeiro alerta: se você é um daqueles fãs que gosta de Star Wars pela história clássica da jornada do herói e ama todas as coisas bobinhas que todos gostamos em Star Wars, esqueça: não tem muito da ingenuidade e maniqueísmo dos demais filmes. Não está tudo preto e branco, tem muito cinza sobre como agem os heróis e vilões, embora esteja claro quem nós devemos chamar de mau.

Segundo alerta: a linguagem do filme é moderna, como um videogame, veloz, com a aparência de que foram feito vários clips de filmagem colados em um ordem pra você entender. Dá uma ideia de história picada, com muitos planetas e muitas sequencias. Então é uma linguagem que pode agradar muito a juventude de hoje (e com certeza é feito para as novas gerações amarem) e pode ser corrido demais para quem não é um gamer. Não que isso prejudique o entendimento do filme, que é simples em sua premissa, embora cheio de metalinguagem para quem for procurar mais do a simples diversão. 


Terceiro alerta: é o mais militar dos filmes que levam Star Wars no título. Temos uma visão militar bem clara do Império em O Império Contra-Ataca, em evidente alusão à maneira como era militarista o nazismo alemão ou o fascismo italiano, ambos inspirados livremente no Império Romano. Mas poucas vezes vimos a Aliança Rebelde como uma organização militar, até pelo fato de sempre ter aquelas grandes reuniões onde todo mundo falava e dava opinião, como se fosse uma democracia. E militares não são democráticos, são ferramentas da democracia, mas não funcionam como uma. 


O filme tem vários problemas ao abraçar o conjunto desses alertas. Conquistar um público de Star Wars sem os personagens conhecidos mais conhecidos é fácil pois temos uma profusão midiática de Star Wars grande o suficiente para que os iniciados achem todas as referências espalhadas pelo filme, o que o torna uma ode ao fan service. Mas conquistar os outros já é mais complicado, ainda mais para apresentar uma leva de novos personagens. 

Nesse caso, Rogue One acerta e peca. Os personagens são apresentados um a um, como num game de RPG antigo onde vamos juntando nossa party em e para cada quest do jogo. Alguns personagens se apresentam e você os entende e simpatiza com eles e outros são apenas apresentados. Jyn Erso, vivida por Felicity Jones, deveria ser a cola do grupo, a heroína recrutada entre um grupo rebelde, talvez com agenda própria, mas não convence. Várias cenas em que imaginamos isso nos trailers não foram para a edição final e temos uma heroína relutante. 


O Cassian Andor de Diego Luna deveria ser o espião, o cara do serviço secreto pronto para matar quando ordenado, mentir, trapacear e conviver bem com isso. Mas também não convence muito. É como se faltasse uma cola ali. 


Mas aí temos uma novidade no cinema que é a apresentação dos sensitivos da Força, defensores do Templo Jedi que não eram jedis mas tem uma relação de fé com a Força, como monges, cuja missão não tem mais sentido numa galáxia sem os jedi, mas que não podem negar quem são, pois a Força ainda faz parte deles, pois a sentem. É o que vemos na ótima apresentação de Chirrut Îmwe (Donnie Yen), o monge cego, e Baze Malbus (Wen Jiang). Como não lembrar da Fúria Cega de Rutger Hauer ao ver Chirrut lutando com um bastão? O jeito bruto e largado de Malbus os torna uma dupla que evoca uma lembrança do jeito Terence Hill e Bud Spencer que demostra que eles tem um passado que, de uma forma ou outra, merece ser explorado. Com certeza eu iria ao cinema para ver um filme da história de origem desses dois, pois Star Wars e kung fu mostraram ser uma mistura tão boa quanto macarrão e molho.


Curioso que o personagem de quem mais gostamos é o androide K-2SO. Sem papas na língua, digo, sem controle de seu speaker, dizendo o que pensa, não é um blazé C3-PO, nem é uma pessimista como o Marvin, mas é dono das melhores tiradas do filme. Se os alívios cômicos da Marvel fossem como K-2SO os filmes dela seriam ainda melhores. Esse dróide imperial reprogramado nos conquista e nos faz pensar no que deu errado para não termos a mesma empatia com o restante do elenco. 


Me incomoda em Rogue One a mesma coisa que me incomodou no Episodio VII: tudo é imediato. Todos os planetas estão ali, do lado, como se o salto pelo hiperespaço fosse teletransporte. As viagens são instantâneas e ignoram as relações de tempo e espaço que sempre estiveram presentes, mesma na trilogia do Anakin. O esquadrão rebelde sobe no U-Fighter, segura nas barras e vai, como quem pega um metrô para ir ali, na próxima estação. 


Mas nem tudo isso de ruim deixa o filme... ruim!

O filme é bom, funciona dentro da história fechada cuja continuação todos já devem saber. Embora seja o mais militar dos filme de Star Wars, não chega a ser um Resgate do Soldado Ryan, como já vi alguns compararem. Está longe de ter a violência gráfica de um combate terrestre como o mostrado no filme do Spielberg. Mostra as coisas duras que se tem que fazer em uma guerra, e por isso não tem a mesma inocência dos outros filmes, tem a dose de sacrifício que se tem que ter em combate e consegue passar o sentido de urgência de várias ações. Não foi a toa que os figurante que fazem as tropas da Aliança são todos militares da reserva. São soldados de verdade. 


Também lida com as questões políticas, como o fato de a Rebelião ter facções, como mostra a relação deles com Saw Guerrera (Forrest Whitaker), um extremista na luta conta o Império cujo jeito de lutar até afasta mundos que poderiam fazer parte da Aliança, como vimos acontecer com dissidentes do IRA e do ETA, e vemos hoje nos diversos grupos rebeldes na Síria. Mesmo o Império mandando mensagens de paz e proteção nas ruas de Jedha ao mesmo tempo em que troopers revistam e empurram cidadãos nos lembram de como estado totalitários tratam aqueles sob sua proteção, aqueles a quem dominam e oprimem. Vimos isso com nazistas e fascistas e mesmo hoje vemos em qualquer lugar onde há luta contra insurgentes. 


Talvez o maior choque seja ver que a Aliança também toma para si a espionagem, o assassinato. O General Sherman, durante a Guerra Civil dos Estados Unidos, disse "Guerra é crueldade, e você não pode refina-la." e o filme nos faz pensar sobre onde estava toda a guerra nos filmes que já vimos, já que parecia tudo mais cavalheiresco ou, como já ouvimos, fruto de tempos mais civilizados. 

O vilão não parece mais tão tenebroso quanto nos trailers. mas ainda é um vilão. Ganancioso, buscando os favores do Imperador, busca crescer na estrutura do Império, da mesma forma que sabemos que se fazia na estrutura do governo nazista, onde mérito era mais dentro da eficiência bajulatória. O Diretor Orson Krennic (Ben Mendelsohn) não chega a ser um Hans Landa, mas tem seu quê de manipulador, mas perde para a presença do nosso velho Moff Tarkin, aqui apresentado num CGI que deve funcionar melhor na televisão, mas não é pior do que outras coisas que já vi. No fim não é exatamente um vilão que se precisa realmente sobrepujar, ele está lá apenas porque precisamos de alguém para torcer contra. 




Nesse ponto de vista, vemos um Império que começa a sofrer com a estrutura de qualquer estado totalitário expansionista: uma estrutura corrupta, dominada pelo medo cujos conflitos internos podem levar à entropia pelo simples fato de que os objetivos individuas conflitam com a necessidade do trabalho conjunto. O primeiro texto deste blog trata exatamente da questão da entropia dos impérios com base na mini-série em quadrinhos do Gavião Negro, escrita pelo Tim Truman. (Veja aqui

Mas a grande surpresa são as aparições de Darth Vader. Não sei dizer se eu esperava mais ou menos Vader na tela, mas são grandes momentos do filme. Lembrar que Vader, pela literatura, se tornou o segundo ser mais rico da galáxia e isso lhe permitiu ter um castelo próprio no planeta Mustafar é um deleite para os fãs. Mas ver o próprio em ação com seu sabre, como nos acostumamos a ver nos quadrinhos, é maravilhoso. Quase vale o filme todo. 


E me faz lembrar da sequencia dos quadrinhos, quando ele está cercado por um grande grupo de rebeldes e ouve "renda-se, você está cercado" e responde imediatamente "estou cercado por homens mortos" só para minutos depois andar entre cadáveres. 

Na verdade, eu quase entendo como genuíno o medo no rosto dos soldados quando se encontram com Vader. 

Eu recomendo, muito, que veja o filme, mas com senso crítico. E veja os demais filmes para se ambientar e perceber os services. Não é o melhor filme de Star Wars, como já vi gente comentando. Dizer isso é desmerecer o Império Contra-Ataca e outros que nos fizeram amar esse universo. É um filme com alguns problemas de roteiro e desenvolvimento de personagens, com um ritmo picado de videogame e cujo objetivo pode ser vender bonequinhos e navinhas; mas é um filme bom que cumpre o que se propõe: contar uma história de Star Wars. 



A tempo: o filme conta, finalmente, porque diabos uma estação bélica do tamanho de um planetóide tinha uma falha estrutural tão grave quanto um duto de ventilação com uma entrada do tamanho de um rato womp e que levava direto ao reator sem blindagem, pronta para ser destruída por um par de torpedos. Olha o culpado aí:


sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Vida Longa e Próspera.



50 anos de Star Trek, Jornada nas Estrelas.

Cresci com isso, Cresci com os conceitos otimistas de Gene Roddenberry. Primeiro na infância com a série clássica que passou em vários canais, mas me lembro bem de quando passava na Bandeirantes. Depois com A Nova Geração, na TV Manchete, na minha adolescência. Quando surgiu a TV a cabo, torcia pra ter horário vago nas aulas pra pegar no USA  Channel. Ainda tenho os quadrinhos lançados aqui no anos 80. E umas tralhas. Dei até entrevista quando lançaram o filme do reboot.( veja aqui),

E agora temos um terceiro filme do reboot.



O primeiro filme do reboot tinha uma missão complicada de atrair os velhos fãs e conquistar os novos, tinha que reapresentar os conceitos, ser fiel à alma coisa e também recriar as coisas para serem atrativos aos novos tempos. Foi bom. J,.J. Abhrams conseguiu. O segundo filme, já não precisa mais reapresentar ninguém, mas ainda queria provar que era Jornada nas Estrelas e mostrar mais de como funcionava a Frota Estelar, conceitos e mais da alma do que é ser oficial da Frota. Benedict Cumberbatch fez um Khan muito bom. Ambos tem uns deslizes de roteiro que você precisa ser bem iniciado ou prestar muita atenção para não perder a linha de raciocínio da coisa. Mas isso é a marca do J.J., 


Aí o J.J. foi cuidar de Star Wars e fez aquele episódio VII que é a coisa do J.J. mas que é o roteiro do Episódio IV lavado e tingido para recriar o mundo dos Skywalkers e deixou a direção desse terceiro na mão do Justin Lin, vindo da endinheirada franquia de Velozes e Furiosos e um roteiro escrito por Simon Pegg, o Sr Scotty, trekker desde sempre. Isso resultou em duas coisas:

1 - Um filme que remonta muito mais à série clássica quanto à dinâmica entre os personagens e um vilão com mais contexto, mais peso, mesmo parecido com um vilão de super sentai, Idris Elba faz um Krall com propriedade, usando bem a voz de Sherikan o torna reconhecível em Mogli. 

2 - Um filme com excelente ação, sem parada, mas que não prejudica o entendimento, mas que poderia ter mais alguns closes para marcar o drama de algumas sequencias. Tem até uma morte à lá Duro de Matar(1)... 

Quanto à dinâmica, este filme estreita os laços de família que se fortalecem na missão de exploração de 3 anos e como isso afeta à todos. É uma ótima abertura com a apresentação da rotina na nave e dos relacionamentos entre a tripulação. 

Quando a ação começa, temos um Kirk muito bem interpretado pelo Chris Pine que se questiona quando ao seu papel e quem realmente é. A pergunta que está no trailer vem do porquê ter entrado para a Frota Estelar. O Spock de Zachary Quinto tem suas próprias questões quando às suas obrigações como vulcano. Um pedido de socorro e uma missão de resgate levam a Enterprise para mais um parte do desconhecido em uma nebulosa não mapeada e então todas as desgraças que você vê no trailer se realizam. 

É aí que vemos o dividir pra conquistar e a tripulação separada pelas circunstâncias tem suas missões para sobreviver. 


Spock e o Dr. McCoy de Karl Urban (presença na CCXP deste ano, junto com sua esposa Starbuck) formam uma dupla com diálogos hilários e um entrosamento que diverte e mostra que suas diferenças não os tornam menos amigos. Kirk e Chekov, vivido pelo falecido Anton Yelchin, lutam pela sobrevivência e tem diálogos que quase fazem ver o velho Kirk do Willian Shatner. Uhura e Sulu parecem ter seus primeiros diálogos diretos. Scotty apresenta a nova personagem Jaylah, uma irreconhecível Sofia Boutella um trabalho de maquiagem maravilhoso, vivendo mais uma daquelas personagens femininas fortes, não digo masculinizadas, mas endurecidas pela sobrevivência. Tudo isso lembrando um contexto de tripulação-família que torna tudo quase um One Piece do espaço.


A trilha sonora tem rock. E do bom. E para isso estar no filme foi apresentado de forma tão simples e bela que vale a pena a aplicação do novo jeito Guardiões da Galáxia de fazer trilha sonora. 

Tem alguns easter eggs durante o filme, mas só pra quem assistiu as séries mais recentes e alguns momentos de saudade. Ou seja: tem fan service. 

O vilão tem motivações desconhecidas, mas tem um objetivo claro: destruir a frota estelar. Idris Elba não é de CGI, está debaixo de uma maquiagem pesada, mas mesmo assim deve ter me contrato algo sobre mostrar o rosto. E isso foi solucionado de forma muito inteligente, surpreendentemente bem desenvolvida, ao contrário de muitos filmes onde você pega logo a referência e não é novidade a origem do vilão. Isso foi uma boa surpresa. Embora o roteiro em si tenhas suas coisas obvias, algumas se tornam boa surpresas.  Temos um roteiro bem mais redondo e que flui, sem ser necessário ver novamente pra entender o que acontece. 

Outro ponto é o ambiente: a utopia de Yorktown, a estação-planeta, uma colagem de Elysium e outras, com uma complexa gravidade que faz parecer algo saído de Inception (A Origem), é um contraponto de Estrela da Morte, um lugar de paz, harmonia e civilidade, não uma estação armada ou a cabeça de um Celestial. Talvez seja o primeiro ponto para uma nova Deep Space Nine. O fato de termos no filme a USS Franklin, das primeiras naves com fator de dobra 4, a citações às geurras contra os Romulanos e outros fato históricos, também nos faz pensar na exploração do universo de Star Trek antes de Star Trek. 


As homenagens a Leonard Nimoy estão por todo filme. 

Em suma, é algo que precisa ser visto. Recomendo. 



(1) - "Você jogou um helicóptero neles!!" - "Eu estava sem balas..."

segunda-feira, 4 de julho de 2016

O que acontece com o Sci-Fi no cinema hoje?





É... agora é definitivo: eu virei um velho chato.

Fui ver o novo Independence Day - Ressurgence... e achei tosco. 

O Omelete disse que é brega e que isso é ótimo. Gosto do Omelete e gosto da ideia de que ninguém é perfeito. Mas ótimo me foi um chute no grão. Tudo bem. Parece que o filme vai se pagar, vai ser sucesso, que era algo que o público queria ver. Mas beleza. Eu achei problemas demais nos detalhes de roteiro que, se por um lado brinda minorias, por outro as mantém diminutas na coletividade. Se por um lado tudo ficou grandioso, por outro fica inexplicável essa grandiosidade. 

Vamos por partes e falar do que gostamos nesse filme. Depois a gente estraga tudo fazendo você, leitor, pensar.

Vinte anos depois de vencermos os aliens do mal que vieram através de bilhões de quilômetros de espaço puxar briga aqui no planeta azul, o mundo mudou bastante: a Casa Branca foi reconstruída, o Capitólio, o Parlamento Inglês e o Big Ben e outras coisas. Assimilamos parte da tecnologia dos invasores a nosso favor e vencer a gravidade ficou mais fácil. as telas substituídas por hologramas e demais coisas legais se fazem presentes e, claro, os povos se uniram pois descobrimos que tem coisa pior lá fora do que nossos vizinhos e, claro, embora o filme não aborde isso, a evidência irrefutável da vida além Sistema Solar mudou paradigmas religiosos e filosóficos. E o mundo vive em paz, se preparando para uma nova visita indesejada. 

Vemos quase todos os personagens do filme anterior (menos os que já morreram no filme anterior, claro e os que não serviam para a nova história) e estamos sem o Will Smith, que deve ter ficado rico e não precisa mais pagar esse tipo de mico, deixando isso para o filho adotivo que não tem o mesmo protagonismo do pai, é só alguém da "realeza".

Como se pode ver no trailer, um belo dia a tecnologia dos aliens se religa novamente e os prisioneiros começam a comemorar.  E percebemos que vai acontecer tudo novamente. 

Bom, contar mais da história que isso é contar spoilers de uma história simples, sem desafios mentais e até mesmo preguiçosa. Mas é bonito de ver, mesmo os momentos de explosão, algo tão sujo na tela, mas tão cheio de detalhes, que atrapalha a percepção. Não é tão ruim visualmente quanto explosões do Michael Bay, dá pra visualizar muita coisa, mas deve ser esse momento visual de buscar a tal da realidade. 

Pode ser visto numa sessão com a família. Seus filhos vão amar. E sua esposa pode nem reclamar tanto. Vá assistir e depois me diga o que achou.

Agora vem o que não gostamos. 

A tecnologia parece que foi assimilada, mas não se tornou acessível... vemos isso claramente pelos muitos, mas muitos veículos, movidos a combustíveis fósseis (num dado momento um carro está ficando sem gasolina!!!). Se nosso mundo sofre com o uso de petróleo e achamos e dominamos uma nova tecnologia energética, por que ainda temos barcos e carros que usam petróleo? Por que essa tecnologia ainda não foi difundida? 10 anos é um bom tempo para tornar isso acessível. 10 pra descobrir como funciona, 10 para difundir. 

Achei muito legal saber que o Doutor esquisito estava vivo e que o companheiro dele trouxe orquídeas e falou com ele todos esses vinte anos, esperando o doutor acordar... mas depois de vinte anos numa cama ninguém levanta. Passa por meses de fisioterapia para os músculos voltaram a mexer. Ninguém fala, demora semanas pra voltar a ter uso das cordas vocais novamente. Nem enxergar se enxerga direito até os olhos voltarem a reconhecer suas funções. 20 anos de coma e você ainda vai ser um vegetal por um tempo, não vai sair correndo da cama com a bunda de fora escrevendo em paredes. 

Mas a África... ah, a África... ainda é mostrada como o mais atrasado dos continentes, com um povo que não evoluiu além de sua cultura guerreira, fechada e desconfiada, liderada por um senhor da guerra. Um lugar sem evolução.  

Outra coisa que incomoda: há décadas se estudam e agora se tornam realidade, exoesqueletos para tornar a vida dos soldados mais simples, aumentando sua resistência física e foça. Sim, é realidade. E tivemos um inimigo que vivia dentre de bio-armaduras muito bem elaboradas que nos mostraram sua eficiência. Por que nossos soldados não tinham uns mechas legais? Medo de ser confundidos com Avatar, Matrix ou aqueles trecos de O Limite do Amanhã (sim, aquele Feitiço do Tempo do Tom Cruise). É a mesma impressão que eu tenho daquele filme que o Will Smith fez pra dar mesada pro filho dele, o Depois da Terra: temos monstros que nos localizam por feromônios do medo e ninguém inventou roupas ou armaduras vedadas ao mundo externo para evitar os monstros, ou mesmo para matá-los melhor. Não creio que a Marvel ia achar que toda armadura se inspira no Homem de Ferro. Só as dos novos Power Rangers.  Porque o Exércitos dos EUA inventou um novo uniforme que é um sonho de guerreiro sci-fi, com tecido especial térmico e inteligente, placas balísticas líquidas adaptáveis ao corpod o soldado que se solidificam depois, moldadas, nos capacetes e visores... um luxo para o combate moderno. Mas não temos nem mesmo uns tanques modernosos como um daqueles de canhão rotativo do Appleseed. Temos caças legais. E no fim ainda temos que roubas os caças dos Aliens. De novo. Nem conseguimos construir bons aviões. Nossos japoneses nesse filme não eram mais aqueles... 

Tudo bem que não teria filme se fosse diferente, que precisamos dessas licenças cinematográficas... mas uma nave daquele tamanho ia queimar toda a atmosfera da Terra ou, pelo menos, jogar tantos detritos no céu que aquele deserto com céu azul na batalha final deveria estar cinza e o mundo encoberto em penumbra. Fora que eu acho que aquele aumento de massa no planeta em um único ponto ia desequilibrar o pião do baú e zuar nosso movimento de rotação... 

E mais: se a tecnologia dos aliens é base em consumo de núcleos planetários como o Galáctus, de onde está vindo a energia para alimentar as tranqueiras que fizemos com a tecnologia que pegamos deles? Vamos consumir nosso planeta até que ele corra o risco de explodir e tenhamos que mandar o Carlos Leonardo, o pequeno Caleo, para outro planeta onde possa crescer mais forte e ser um herói vestindo aquela camiseta pirata muito show do Superman? 

Robôs... como não destinamos muitas das tarefas diárias a robõs, mesmo que grande parcela da humanidade destruída? Tanto que logo no começo do filme temos uma atividade de piloto de guincho que não caberia mais a seres humanos fazer... não é possível que em 20 anos de acesso à tecnologia alienígena avançada se não tenha conseguido inteligência artificial descente. 

Ah... lembrei... se eles tivessem inteligência artificial decente, não teríamos sobrevivido no primeiro filme. 




quinta-feira, 19 de maio de 2016

É o APOCALIPSE!!!! AH, não péra... é só um filme meia boca...



Ai, ai... Dizem que quando não se tem nada de bom para dizer é melhor não dizer nada... mas eu tenho algo de bom pra dizer, mas vou contar no final, assim assopro depois de bater. 

O mais novo filme dos X-Men estréia hoje. Já vi a pré ontem. E me digo decepcionado pelo resultado geral. É um filme mediano, aquém do esperado para a proposta de trazer o vilão título, confirmando os medos que o visual altamente criticado do Apocalipse inspiraram. O filme tem vários pecados, alguns pela superficialidade, outros pelo exagero. Vou tomar a liberdade de contar algumas coisas, sem spoilers pesados, nada que não se tenha tido ideia pelos trailers e nada dentro de uma linha cronológica que te impeça de odiar o filme sozinho. No final vou colocar alguns previsões para o(s) próximo(s) filme(s) baseadas no que ocorre neste e, aí sim, com spoilers, mas estarão assinalados para que vc os deixe de lado. 

Depois da cenda de pós-créditos do filme anterior, En Sabah Nur criando sua pirâmide, você pensando no quanto é bom sair do núcleo Xavier/Magneto para ter um novo vilão. E mais: não um vilão qualquer, mas o Apocalipse, o primeiro mutante, o cara que deu tanta dor de cabeça para os X-Men que vale a pena ser visto. Mesmo nunca tendo realmente alcançado todo seu potencial nos quadrinhos. Confesso que não acompanhei todas as coisas relacionadas ao personagem nos quadrinhos pois parei com as revistas de linha no começo dos anos 90 por não aguentar mais a palhaçadas de personagem que morre e volta, virar clandestino, voltar, morrer novamente, etc., etc., etc.. Mas eu lembro dos desenhos e das críticas, das matérias, eu ainda me mantinha lendo Wizard. E lembrar quem é o Apocalipse dá esperança de ver o filme. Mas o diretor opta por simplificar uma coisa ou outra e temos um apocalipse com o visual Power Rangers, sim. Depois de ver o design rejeitado pela Fox, deu mais decepção ainda. Tudo bem que agora temos que mostrar o Oscar Daemeron pra ter um chamativo a mais, mas se abdicou de tem um vilão grande, que justificaria o mesmo estar sempre meio corcunda por causa do figurino. Sim, o Apocalipse sempre aparece com a cabeça meio inclinada. Se fosse grande, com os mais de dois metros que tem nos quadrinhos, ajudaria a justificar que tem que olhar para baixo para ver os outros. Fora isso, Apocalipse nunca precisou realmente de outros para lutar, sempre foi bom de briga. Sempre gostei daquela coisa de transformar a mão em marreta para socar os heróis. Ou em bate-estaca. Afinal, alguém que controla a matéria em nível molecular pode começar a controlar o próprio corpo como bem entender, o que me é muito lógico e aceitável. Mas acho que os efeitos iriam ficar caros e resolveram que ele ia precisa de capangas. Precisar, mesmo, não para ter apóstolos. 

As motivações se tornam vagas. Primeiro temos alguém que se considera um deus em uma cena de abertura memorável, que te empolga no começo do filme e faz imaginar que tudo vai seguir essa linha de grandiosidade. Mas vai despencando. E no fim o vilão só quer destruir tudo por um motivo besta. O Apocalipse original quer governar os fracos e dar poder aos fortes. Apocalipse aprecia os poderosos e os que tem recursos, sejam humanos ou mutantes, e os outros são escravos para suprir as demandas dos que tem poder para governar. Isso se perde no filme, temos um vilão caricato que perde sua proposta de evocação religiosa, de direito e poder divino de governar para algo mais mundano. Fica vago, fica como vilão da Disney que faz o mal pelo mal. 

A apresentação do novo Ciclope te faz pensar que, talvez, tenhamos o próximo líder dos X-Men, mas veremos depois que ter um Oscar faz com que uma líder seja melhor (não xingue, tá no trailer). Temos mais um menino aprendendo a ser homem... não, pera... ficou para o próximo filme também. Já a Jean Grey já parece mais velha que o Ciclope e, sabendo que os dois serão um casal no futuro (puxa, desculpa o spoiler... ) já se vê que não deu química. Eu não vi essa química, vi as tentativas, mas não rolou. Parecia eu quando tentava acertar com a aquela moça que não dava liga in nóis... parece forçado, um nada a ver. Nem vamos nos dar muito ao trabalho de discutir que o irmão mais velho é o Scott e não o Alex, mas que aqui tá invertido. Mas a Sansa vai daquele jeito Sansa. Não a enxerguei como uma Jean Grey carismática. E isso eu acho que é problema de direção e elenco, porque não é uma atriz ruim. Mas tá sem sal. Torço para que a Sansa volte para Winterfel com os poderes que aprendeu a usar e torre o piu-piu do Ramsay. 

A desculpa para a ganhadora do Oscar mostrar seu rosto real em vez da maquiagem é não querer ser heroína. Não se reconhecida. Tudo que a Mística tá sempre enrolada em alguma coisa e não usa o rosto mesmo, porque tá sempre maquinando algo para ganhar dinheiro, tocar o terror e se dar bem... ah, não, péra... essa é mercenária dos quadrinhos, não a Mística heroína do cinema. O Fera continua tomando suas drogas para não ficar azul. Mas a overdose foi de Mercúrio. Depois daquela ótima cena do Dias de Um Futuro Esquecido, o Brian resolveu que já que foi bom, vamos usar novamente. E criou uma cena para o Mercúrio. Muito legal. Muito maior. Muito cheia de detalhes. Muito maior e cheia de detalhes. E muito extensa. Não precisava tanto. E ficou muito mais puxando para aquelas sequencias do esquilo que toma café e o mundo para ao seu redor. Ficou aquela coisa de que se o povo gosta de doce, vamos fazer um doce maior com mais açúcar. Sempre vai ter alguém que goste, mas fica enjoativo. 

Mas se o Magneto era um personagem profundo, agora ele vira o Justiceiro. Não, péra... o Frank só acerta os criminosos, e esse resolveu descontar no mundo. De novo. Mais uma vez. Mas esse desenvolvimento do personagem até que não é ruim, apenas o deixa previsível, fácil de saber o que vai acontecer e tira um pouco do gosto pela coisa. Embora sempre seja bom ver Magneto usar seus poderes, ainda acho que o personagens foi explorado de uma jeito errado nesse enredo. 

Mas as sequencias de ação, as lutas, me deixaram boquiaberto. Como pode não saber usar cabo a essa altura da vida, meu povo? Depois de ver o trabalho das lutas coreografadas do Capitão América - Guerra Civil, onde você tem que ter o make in off pra saber onde se usou cabo e ver esse X-Men em que o Fera salta como o Homem de Seis Milhões de Dólares saltava na minha infância, ver a lentidão dos giros... não... tenho que dizer... a qualidade das lutas não é boa. E tem horas que você percebe o CGI tão tosco e outras que você olha para o cenário e quase lembra daqueles cenários de Viagem ao Fundo do Mar ou Perdidos no Espaço: você percebe a cidade artificial, a areia espalhada no chão. Não tenho como não perguntar a razão de terem chamado a mesma equipe de coreografia de lutas que foi usada em Guerra Civil. Até as coreografia de Batman Versus Superman estão melhores. E eu não gostei das lutas no BvS. 

A troca do jato dos X-Men por outro veículo parecido com o dos cartoons é uma deixa só pra todo mundo ter uniforme bunitinho. Funciona mas se você pensar um pouco lembra que é pouco provável. mas em algum momento o pessoal ia precisar de uniformes. 

Mas nem tudo é ruim. O fan service de apresentar o Wolverine foi bem feito, bem explicado e a cena, que disserem ser sangrenta é violenta, mas não sangrenta. Pode olhar para a tela para apreciar que só tem groselha quando tem jato indireto de sangue. Fora isso, é como a invasão da Mansão Xavier em X-Men 2. O que mais eu contar disso é spoiler, mas vou contar mais abaixo e você não precisa ler.

A Tempestade é a mais fiel aos quadrinhos e a Psylocke está ótima. Só que podiam mostrar mais dos poderes dela e ter mais falas. O mesmo para a Tempestadde, mas acho que essa foram pro pressuposto de todos conhecerem os poderes dela. 

E a cena de pós-créditos deve ser vista, embora só nerd véio vá entender o que significa. 

Agora os Spoilers e o futuro. 

Só leia depois de ver o filme. 

O Brian já disse que quer algo diferente para o próximo filme, um novo desafio. Então sugeriu o espaço. Se lembrarmos dos quadrinhos, os X-Men tem boas sagas cósmicas envolvendo o Império Shiar e a Ninhada. Lembrando que a morte da Fênix tem envolvimento direto do duelo dos X-Men com a Guarda Imperial de Shiar, podemos até perdoar (só que não) o Brian já mostrado a Jean Grey com o seu potencia de Fênix, que ela demora anos para desenvolver, mas no filme foi de um dia para o outro. Talvez o despertar adiantado da Fênix tenha chamado a atenção dos Shiar. 

Por outro lado, a aparente morte do Destrutor no lembra de que ele pode ter sido teleportado. Os ditos sobre o espaço lembram que o pai dos irmãos Summers é o Corsário, um terráqueo que foi pro espaço e virou contrabandista e mercenário sideral, tipo um Senhor das Estrelas. O fato de ver os pais dos Summers neste filme não significa que sejam pais verdadeiros em vez de adotivos, já que os dois, nos quadrinhos, perderam os pais em um acidente de avião durante uma tempestade. Mas seria um bom começo para jogar os X-Men no espaço: pai de um é mercenário cósmico e o poder da outra chama a atenção dos Shiar. 

O Wolverine fugindo do Projeto Arma X é uma sequencia linda, que evoca muito até da arte do Arma X original dos quadrinhas e da arte do Barry Windsor-Smith. Essa talvez seja a melhor cena do filme, mesmo sendo um fan service, e só dou reparo que Logan não usa um capacete, mas equipamento ao redor da cabeça. Fosse um capacete, como o design do Arma X, o momento em que Jean o retira pra finalmente vemos os olhos do velho Logan teriam mais impacto dramático do que o vermos desde que é solto de sua jaula. O fato de Jean liberar as memórias que encontrou para Logan fugir logo em seguida podem explicar a fixação que ele terá pela ruiva no futuro, mesmo ela sendo muito mais jovem do que ele. Mas é uma sina que a Sansa tem de ser perseguida por babões. 

Os impactos de uma destruição mundial como a causada pelo Apocalipse... digo, Magneto turbinado pelo Apocalipse terão consequencias? A Fox não liga muito para linha temporal, então não sabemos... mas se em BvS a destruição de Metrópolis e a apresentação do Superman para mundo causou confusão e se em Guerra Civil vimos que o mundo reconhece que precisa dos Vingadores mas que devem ser supervisionados pela ONU, o que será dos mutantes depois de metade do mundo ter sido revirado e Cairo ter virado uma pirâmide futurista gigante? Se fossemos seguir pela lógica, governos ao redor do mundo começariam a recrutar mutantes para ter suas equipes de ação de emergência, teríamos mais perseguição aos mutantes, mesmo sendo conhecido que os X-Men salvaram o mundo. Haveria um processo de militarização de poderes, com certeza e a lei de controle de mutantes se tornaria realidade, tanto para contê-los quanto para recrutá-los. O mundo deveria se tornar uma bagunça. E não acho que o Singer consiga fazer isso tudo, já que nem luta ele manjou de coreografar. 

A cena de pós-créditos quem mostra o logo da Essex Corp já nos diz que o Sr. Sinistro vai entrar no jogo e que já tem vários tubos de ensaio com sangue de várias cores, e agora o do Arma X. Isso é importante, pois sabendo que ele vai manipular os filhos de Scott Summers e Madelyne Pryor, e chegarmos ao Cable, e o Cable já foi confirmado no Deadpool 2. E se o próximo filme pular mais 10 anos, será em 1993. Tempo suficiente para zuar muito a vida do Ciclope. Quando chegar em 2003, então,  Ciclope já pode até ser avô. Que dirá, pai do Cable. 

O que importa é que X-Men já admite linhas temporais paralelas. Pode usar isso livremente e podemos ter alienígenas. Não, não sei se poderemos continuar contando com a megalomania simplista do Brian Singer. 





sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Império Cinematográfico da Hasbro



O Universo Cinematográfico da Hasbro, a fabricante de brinquedos, dona de marcas como G.I. Joe e Transformers, se ficar de acordo com o prometido, deverá ser vasto, impressionante e muito rentável. E para isso está montando uma equipe de escritores e roteiristas de respeito para juntar tudo em um universo compartilhado. 



A Marvel provou que um universo cinematográfico compartilhado pode ser rentável e vasto se bem planejado e concatenado, uma mina de ouro para produtos licenciados, quadrinhos, games e qualquer coisa relacionada com uma marca de sucesso. Star Wars, que desde de 1977 goza de respeito por ter praticamente reinventado as regras de tal jogo de licenciamento, agora sob a tutela da Disney, se abre para a diversificação e ir além do núcleo Skywalker, o que já começou com a animação Rebels e já tem em Rogue One, o primeiro spin off de cinema da franquia, o filme mais esperado de 2016 . A DC Comics vai começar algo semelhante com o Universo Hanna-Barbera, mas somente para os quadrinhos, agora em maio, nos EUA. Porque no cinema, a DC ainda não leu direito a cartilha. 

A Hasbro, a gigante fabricante de brinquedos e licenciada pra produzir as linhas principais de action figures e demais brinquedos das duas marcas da Disney, com certeza, não seria ingênua de não enxergar as possibilidades na estratégia de sua parceira. E a Hasbro tem balas pra essa guerra. Embora hoje sua linha mais rentável (linha própria, lembre-se) seja Transformers, a Hasbro é dona do G.I. Joe, considerado a primeira action figure, o primeiro boneco feito para meninos que não usaria o termo "doll" como ferramenta de marketing. Embora já existissem bonecos para meninos desde sempre (cavaleiros, soldadinhos de chumbo, o Forte Apache, etc), foi a Hasbro que cunhou o termo Action Figure em 1963, para o lançamento do G.I. Joe, The American Moveble Fighting Man, na Toy Fair de 1964. A Hasbro, então ainda somente Hasselfeld Brothers, já era uma grande fabricante de jogos de tabuleiro, dona do Monopoly (o nosso Banco Imobiliário), do Risk (o nosso War) e do Battleship ( nosso "Batalha Naval") entre outros, via o nicho do boneco para menino no rastro da Barbie da Mattel, que virara o padrão de boneca para menina. Vale lembrar que Battleship virou filme já na tentativa da Hasbro de transformar seus jogos em filmes e que ainda temos boatos de um filme de... Monopoly!

Mas quem cresceu nos Anos 80 lembra de outras coisas que a Hasbro lançou, mesmo que no Brasil só tenham chegado as animações e os quadrinhos. Entre elas estão M.A.S.K - Mobile Armored Strike Kommand, o desenho dos carros que se transformavam em veículos de combate futuristas que foi exibido pelo SBT e passava antes do desenho Pole Position; e Visionaries, Os Cavaleiros das Luz Mágica, o desenho dos cavaleiros de um mundo mágico que recebem poderes totêmicos através de cetros e armaduras, que foi exibido no Show da Xuxa, contemporâneo ao desenho do Comandos em Ação; Micronautas, a saga de um grupo rebelde que enfrenta a tirania do Barão Karza e ROM, o Cavaleiro do Espaço, o nobre herói do planeta Gálador que sacrificou sua humanidade para se tornar um ciborgue e enfrentar os malévolos espectros, ambos publicados em quadrinhos pela Marvel e no Brasil pela Editora Abril, nas revistas de linha da época, Micronautas na Heróis da TV e Rom na revista d'O Incrível Hulk. 

Agora a Hasbro “trancou” um time de peso em uma sala para planejar e criar um universo cinematográfico que contemple todas essas marcas e dê nova vida a elas para que possam ser tão rentáveis quando Transformers é. E juntas no mesmo universo. 

O primeiro nome é Michael Chabon, autor do romane The Amazing Adventures of Kavalier & Clay e com algum crédito por Homem-Aranha 2. Depois temos Brian K Vaughan, criador de Y: O Último Homem (uma das melhores coisas que já li) e Saga e showrunner de Under the Dome. E também temos Nicole Perlman, co-autora de Guardiões da Galáxia e da boa fase da Capitã Marvel.

Michael Chabon


Brian K. Vaughn
Nicole Perlman
E não são só apenas eles!!! Também temos no time criativo:
  • Lindsey Beer (Transformer 5)
  • Cheo Coker (showrunner de Luke Cage )
  • John Francis Daley e Jonathan Goldstein (Spider-Man: Homecoming)
  • Joe Robert Cole (People vs. OJ Simpson, Pantera Negra)
  • Jeff Pinkner (da adaptação de A Torre Negra)
  • Nicole Riegel (escritora por trás do script Dogfight de The Blacklist)
  • Geneva Robertson (do projeto do novo filme de Tomb Raider)
Akiva Goldsman
O escritor ganhador do Oscar por Uma Mente Brilhante, Akiva Goldsman, servirá de “supervisor” da sala de escritores e como produtor executivo para todos os filmes. Goldman vai ser para a Hasbro e Paramount o que Kevin Feige é para a Marvel. Para produzir os filmes, a Hasbro vai usar a sua marca de produção, a Allspark Pictures e o chairman e CEO da Hasbro, Brian Goldner e o produtor executivo e CCO Stephen Davis serão os produtores. O cabeça de narrativa da Hasbro, Josh Feldman, será co-produtor executivo. 

"Nós, em primeiro lugar, buscamos reunir uma lista de escritores que queríamos que estivessem conosco no negócio e poderiam ser o contadores de história que precisávamos", disse Stephen Davis. "Mas nós queremos ter certeza de que na sala temos diversas perspectivas, diversos backgrounds, e diversas experiências. "

"Empoderamento feminino é um tema central através de um várias dessas linhas e uma das razões que queríamos diversas vozes", disse ele.

Até o momento, os filmes de Transformers já arrecadaram mais de US $ 3,8 bilhões, além dos montantes trazidos pelos filmes do G.I. Joe.

As dúvidas e as possibilidades

Agora ficam as dúvidas, por exemplo, como juntar tudo isso num universo só? Confesso que o que a DC Comics vai fazer com a Hanna-Barbera jutando Johnny Quest, Space Ghost, Herculoids, Frankenstein Jr e outros numa saga espacial para salvar o universo me assusta um pouco. A solução do Scooby-Doo num apocalipse zumbi me pareceu mais legal. A receita de Star Wars já parece apetitosa só de ver os trailers. Marvel é até covardia comentar. A DC ainda tem muita lição de casa para fazer, já que seu universo de cinema não conversa com o da TV e podem criar o conceito das Terras paralelas. 

Transformers e G.I. Joe já são pão e manteiga desde os crossovers nos quadrinhos da Marvel nos Anos 80, tanto que em Transformers e em suas sequencias, os militares são presença constante e de destaque e, no primeiro filme, apresentados de forma magistral, como só o Michael Bay consegue e, por isso, sempre bem aceito pelas forças armadas dos EUA. Não seria difícil colocar as duas franquias no mesmo universo, há material suficiente para ótimos trabalhos, inclusive muita coisa recente da Devils Due e da IDW. Talvez se esbarre na reformulação do G.I. Joe anunciada pela Hasbro por conta de hoje pegar mal militares enfrentando terroristas mascarados, pois lembraria as vítimas do Estado Islâmico a falta de face de seus algozes. Então não sabemos como ficará a situação da organização COBRA.

M.A.S.K. já é outra franquia fácil de incluir, tanto por já ter tido um crossover do Especialista Matt Tracker, o líder dos mocinhos, com o G.I. Joe nos lançamentos da linha de brinquedos quando da série 25th Anniversary, já indicando que havia planos de juntar, pelo menos, G.I. Joe e MASK. E, claro, veículos comuns que na verdade se transformam em carros de combate que voam, se tornam lanchas, helicópteros e muito bem armados e controlados por máscaras high-tech e uniformes especiais casariam com as duas franquias anteriores. Inclusive até a tecnologia transformer pesquisada pelos humanos já seria uma boa desculpa para termos tais veículos. Até aí, tudo casadinho e bem arranjado, fácil de engolir e vender porrilhões de bonequinhos. Na linha original eram figuras de 2,5 polegadas, menores que os 3 ¾ de polegada do G.I. Joe de 82. E, claro, teve quadrinhos também.


Aí vem Micronautas. Eles tem esse nome porque são alienígenas de um sistema bem distante e são do tamanhos de nossos G.I. Joes em nosso planeta. São micros. Ok. Alienígenas só precisam cair na terra para envolver os humanos em sua guerra. Fácil juntar esse universo também, e com uma pitada de Terra de Gigantes essa saga meio inspirada em Star Wars pode render bem. Ah, e eles virem para a terra e nos envolver em sua guerra aconteceu nos quadrinhos, veja só que coisa inédita!!! Mas foram uma linha de brinquedos antes de termos os quadrinhos desenhados pelo Michael Golden. E tem história aí, rende uma matéria só deles. 


Rom, o Cavaleiro do Espaço, singra o espaço para exterminar os Espectros, uma espécie alienígena predatória e transmorfa, que se infiltra em planetas para conquista-los, exauri-los e destruí-los como qualquer alienígena gafanhoto gosta de fazer. Não deve ser tão complicado também. Quem abriga robôs alienígenas e microrebeldes, abriga uma conspiração galáctica fácil. 



Acho que a porca vai torcer o rabo com Visionaries, pois eles vem de um mundo mágico, místico, cheio dos feitiços e suas armas e habilidades se baseiam na luz mágica concedida a eles pelo mago Merklinn. Mesmo seus veículos aparentemente tecnológicos são movidos por essa magia. Mas a Marvel acertou a inserção do mundo divino do Thor e caminha para nos surpreender com Doutor Estranho em novembro. Então não é impossível. 
A linha de brinquedos tinha figuras maiores, de pouco mais de 4 polegadas.




Conversando com amigos colecionadores e nerds velhos como eu, para G.I. Joe, o brinquedo soldado está em baixa, como estava no final dos anos 60 por conta da Guerra do Vietnã, e se não foram fracassos de bilheteria, os filmes também não conseguiram repetir as bilheterias expressivas de Transformers, mesmo com os roteiros bisonhos das 3 sequencias. Crianças ainda se maravilham mais com o Optimus Prime montado num tiranossauro cibernético que cospe fogo do que em encontrar sentido para ele estar lá. Ok. Confesso. É massa se você esquecer de prestar atenção. Mas a gente chega numa idade que não consegue evitar de prestar atenção. 

A estratégia pra os brinquedos nos anos 80 era sempre criar uma linha de brinquedos e um desenho pra contar a história. Funcionou com M.A.S.K., Transformers, Visionaries, G.I. Joe (embora pra esse o desenho tenha vindo depois do brinquedo, mas o quadrinho veio junto) . A Mattel também fez isso: He-Man foi idealizado para sair com o desenho Masters Of The Universe, assim como Thundercats gerou uma linha da LJN. Jace foi um desenho criticado, mas a linha de carrinhos da MAttel era linda, mas nunca chegou ao Brasil. Essa estratégia funcionava, e ainda hoje funciona com Star Wars e Marvel. 






Para G.I. Joe, talvez ter uma série adulta de TV na linha do que a Netflix faz, ou com uma pegada a la Strike Back ou The Unit, e um desenho animado infantil, como o Transformers Rescue Bots, poderia dar uma renovada. Talvez a linha revisite o Action Team, o que era o G.I. Joe de 12 polegadas que veio a ser o nosso Falcon, quando o brinquedo soldado perdeu o fôlego nos fins da década de 60. Um bom videogame talvez ajudasse. Mas o que a Hasbro vai fazer para renovar a marca é um mistério para os fãs e colecionadores que talvez só seja desvendado depois da JoeCon nos EUA em junho, quando provavelmente a Hasbro deve anunciar algo para acalmar os fãs depois de decretado o fim da parceria com a Fun Publications, que administras os fã clubes de G.I. Joe e Tranformers




Transformes já está garantido e é a linha própria que mais vende. E justamente por isso já tem 3 filmes programados, incluindo um solo do Bumbblebee

Mas as marcas antigas, há muito sem base com as novas gerações, vão precisar de muito para concorrer com o que já existe nos corações cheios de Homens-Aranha, Homens de Ferro, Capitães América e Hulks, Reys e Kilo Rens, Vaders e Storm Troopers. Mas ainda acho que podem penar menos que o Superman e o Batman. A geração videogame precisa de algo muito bom para ser mesmo fisgada pelo mercado. A Hasbro sempre soube fazer isso, esperamos que ainda saiba. 

Vamos ver o que o futuro reserva para os corações das crianças dos anos 80.