sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Vida Longa e Próspera.



50 anos de Star Trek, Jornada nas Estrelas.

Cresci com isso, Cresci com os conceitos otimistas de Gene Roddenberry. Primeiro na infância com a série clássica que passou em vários canais, mas me lembro bem de quando passava na Bandeirantes. Depois com A Nova Geração, na TV Manchete, na minha adolescência. Quando surgiu a TV a cabo, torcia pra ter horário vago nas aulas pra pegar no USA  Channel. Ainda tenho os quadrinhos lançados aqui no anos 80. E umas tralhas. Dei até entrevista quando lançaram o filme do reboot.( veja aqui),

E agora temos um terceiro filme do reboot.



O primeiro filme do reboot tinha uma missão complicada de atrair os velhos fãs e conquistar os novos, tinha que reapresentar os conceitos, ser fiel à alma coisa e também recriar as coisas para serem atrativos aos novos tempos. Foi bom. J,.J. Abhrams conseguiu. O segundo filme, já não precisa mais reapresentar ninguém, mas ainda queria provar que era Jornada nas Estrelas e mostrar mais de como funcionava a Frota Estelar, conceitos e mais da alma do que é ser oficial da Frota. Benedict Cumberbatch fez um Khan muito bom. Ambos tem uns deslizes de roteiro que você precisa ser bem iniciado ou prestar muita atenção para não perder a linha de raciocínio da coisa. Mas isso é a marca do J.J., 


Aí o J.J. foi cuidar de Star Wars e fez aquele episódio VII que é a coisa do J.J. mas que é o roteiro do Episódio IV lavado e tingido para recriar o mundo dos Skywalkers e deixou a direção desse terceiro na mão do Justin Lin, vindo da endinheirada franquia de Velozes e Furiosos e um roteiro escrito por Simon Pegg, o Sr Scotty, trekker desde sempre. Isso resultou em duas coisas:

1 - Um filme que remonta muito mais à série clássica quanto à dinâmica entre os personagens e um vilão com mais contexto, mais peso, mesmo parecido com um vilão de super sentai, Idris Elba faz um Krall com propriedade, usando bem a voz de Sherikan o torna reconhecível em Mogli. 

2 - Um filme com excelente ação, sem parada, mas que não prejudica o entendimento, mas que poderia ter mais alguns closes para marcar o drama de algumas sequencias. Tem até uma morte à lá Duro de Matar(1)... 

Quanto à dinâmica, este filme estreita os laços de família que se fortalecem na missão de exploração de 3 anos e como isso afeta à todos. É uma ótima abertura com a apresentação da rotina na nave e dos relacionamentos entre a tripulação. 

Quando a ação começa, temos um Kirk muito bem interpretado pelo Chris Pine que se questiona quando ao seu papel e quem realmente é. A pergunta que está no trailer vem do porquê ter entrado para a Frota Estelar. O Spock de Zachary Quinto tem suas próprias questões quando às suas obrigações como vulcano. Um pedido de socorro e uma missão de resgate levam a Enterprise para mais um parte do desconhecido em uma nebulosa não mapeada e então todas as desgraças que você vê no trailer se realizam. 

É aí que vemos o dividir pra conquistar e a tripulação separada pelas circunstâncias tem suas missões para sobreviver. 


Spock e o Dr. McCoy de Karl Urban (presença na CCXP deste ano, junto com sua esposa Starbuck) formam uma dupla com diálogos hilários e um entrosamento que diverte e mostra que suas diferenças não os tornam menos amigos. Kirk e Chekov, vivido pelo falecido Anton Yelchin, lutam pela sobrevivência e tem diálogos que quase fazem ver o velho Kirk do Willian Shatner. Uhura e Sulu parecem ter seus primeiros diálogos diretos. Scotty apresenta a nova personagem Jaylah, uma irreconhecível Sofia Boutella um trabalho de maquiagem maravilhoso, vivendo mais uma daquelas personagens femininas fortes, não digo masculinizadas, mas endurecidas pela sobrevivência. Tudo isso lembrando um contexto de tripulação-família que torna tudo quase um One Piece do espaço.


A trilha sonora tem rock. E do bom. E para isso estar no filme foi apresentado de forma tão simples e bela que vale a pena a aplicação do novo jeito Guardiões da Galáxia de fazer trilha sonora. 

Tem alguns easter eggs durante o filme, mas só pra quem assistiu as séries mais recentes e alguns momentos de saudade. Ou seja: tem fan service. 

O vilão tem motivações desconhecidas, mas tem um objetivo claro: destruir a frota estelar. Idris Elba não é de CGI, está debaixo de uma maquiagem pesada, mas mesmo assim deve ter me contrato algo sobre mostrar o rosto. E isso foi solucionado de forma muito inteligente, surpreendentemente bem desenvolvida, ao contrário de muitos filmes onde você pega logo a referência e não é novidade a origem do vilão. Isso foi uma boa surpresa. Embora o roteiro em si tenhas suas coisas obvias, algumas se tornam boa surpresas.  Temos um roteiro bem mais redondo e que flui, sem ser necessário ver novamente pra entender o que acontece. 

Outro ponto é o ambiente: a utopia de Yorktown, a estação-planeta, uma colagem de Elysium e outras, com uma complexa gravidade que faz parecer algo saído de Inception (A Origem), é um contraponto de Estrela da Morte, um lugar de paz, harmonia e civilidade, não uma estação armada ou a cabeça de um Celestial. Talvez seja o primeiro ponto para uma nova Deep Space Nine. O fato de termos no filme a USS Franklin, das primeiras naves com fator de dobra 4, a citações às geurras contra os Romulanos e outros fato históricos, também nos faz pensar na exploração do universo de Star Trek antes de Star Trek. 


As homenagens a Leonard Nimoy estão por todo filme. 

Em suma, é algo que precisa ser visto. Recomendo. 



(1) - "Você jogou um helicóptero neles!!" - "Eu estava sem balas..."