segunda-feira, 4 de julho de 2016

O que acontece com o Sci-Fi no cinema hoje?





É... agora é definitivo: eu virei um velho chato.

Fui ver o novo Independence Day - Ressurgence... e achei tosco. 

O Omelete disse que é brega e que isso é ótimo. Gosto do Omelete e gosto da ideia de que ninguém é perfeito. Mas ótimo me foi um chute no grão. Tudo bem. Parece que o filme vai se pagar, vai ser sucesso, que era algo que o público queria ver. Mas beleza. Eu achei problemas demais nos detalhes de roteiro que, se por um lado brinda minorias, por outro as mantém diminutas na coletividade. Se por um lado tudo ficou grandioso, por outro fica inexplicável essa grandiosidade. 

Vamos por partes e falar do que gostamos nesse filme. Depois a gente estraga tudo fazendo você, leitor, pensar.

Vinte anos depois de vencermos os aliens do mal que vieram através de bilhões de quilômetros de espaço puxar briga aqui no planeta azul, o mundo mudou bastante: a Casa Branca foi reconstruída, o Capitólio, o Parlamento Inglês e o Big Ben e outras coisas. Assimilamos parte da tecnologia dos invasores a nosso favor e vencer a gravidade ficou mais fácil. as telas substituídas por hologramas e demais coisas legais se fazem presentes e, claro, os povos se uniram pois descobrimos que tem coisa pior lá fora do que nossos vizinhos e, claro, embora o filme não aborde isso, a evidência irrefutável da vida além Sistema Solar mudou paradigmas religiosos e filosóficos. E o mundo vive em paz, se preparando para uma nova visita indesejada. 

Vemos quase todos os personagens do filme anterior (menos os que já morreram no filme anterior, claro e os que não serviam para a nova história) e estamos sem o Will Smith, que deve ter ficado rico e não precisa mais pagar esse tipo de mico, deixando isso para o filho adotivo que não tem o mesmo protagonismo do pai, é só alguém da "realeza".

Como se pode ver no trailer, um belo dia a tecnologia dos aliens se religa novamente e os prisioneiros começam a comemorar.  E percebemos que vai acontecer tudo novamente. 

Bom, contar mais da história que isso é contar spoilers de uma história simples, sem desafios mentais e até mesmo preguiçosa. Mas é bonito de ver, mesmo os momentos de explosão, algo tão sujo na tela, mas tão cheio de detalhes, que atrapalha a percepção. Não é tão ruim visualmente quanto explosões do Michael Bay, dá pra visualizar muita coisa, mas deve ser esse momento visual de buscar a tal da realidade. 

Pode ser visto numa sessão com a família. Seus filhos vão amar. E sua esposa pode nem reclamar tanto. Vá assistir e depois me diga o que achou.

Agora vem o que não gostamos. 

A tecnologia parece que foi assimilada, mas não se tornou acessível... vemos isso claramente pelos muitos, mas muitos veículos, movidos a combustíveis fósseis (num dado momento um carro está ficando sem gasolina!!!). Se nosso mundo sofre com o uso de petróleo e achamos e dominamos uma nova tecnologia energética, por que ainda temos barcos e carros que usam petróleo? Por que essa tecnologia ainda não foi difundida? 10 anos é um bom tempo para tornar isso acessível. 10 pra descobrir como funciona, 10 para difundir. 

Achei muito legal saber que o Doutor esquisito estava vivo e que o companheiro dele trouxe orquídeas e falou com ele todos esses vinte anos, esperando o doutor acordar... mas depois de vinte anos numa cama ninguém levanta. Passa por meses de fisioterapia para os músculos voltaram a mexer. Ninguém fala, demora semanas pra voltar a ter uso das cordas vocais novamente. Nem enxergar se enxerga direito até os olhos voltarem a reconhecer suas funções. 20 anos de coma e você ainda vai ser um vegetal por um tempo, não vai sair correndo da cama com a bunda de fora escrevendo em paredes. 

Mas a África... ah, a África... ainda é mostrada como o mais atrasado dos continentes, com um povo que não evoluiu além de sua cultura guerreira, fechada e desconfiada, liderada por um senhor da guerra. Um lugar sem evolução.  

Outra coisa que incomoda: há décadas se estudam e agora se tornam realidade, exoesqueletos para tornar a vida dos soldados mais simples, aumentando sua resistência física e foça. Sim, é realidade. E tivemos um inimigo que vivia dentre de bio-armaduras muito bem elaboradas que nos mostraram sua eficiência. Por que nossos soldados não tinham uns mechas legais? Medo de ser confundidos com Avatar, Matrix ou aqueles trecos de O Limite do Amanhã (sim, aquele Feitiço do Tempo do Tom Cruise). É a mesma impressão que eu tenho daquele filme que o Will Smith fez pra dar mesada pro filho dele, o Depois da Terra: temos monstros que nos localizam por feromônios do medo e ninguém inventou roupas ou armaduras vedadas ao mundo externo para evitar os monstros, ou mesmo para matá-los melhor. Não creio que a Marvel ia achar que toda armadura se inspira no Homem de Ferro. Só as dos novos Power Rangers.  Porque o Exércitos dos EUA inventou um novo uniforme que é um sonho de guerreiro sci-fi, com tecido especial térmico e inteligente, placas balísticas líquidas adaptáveis ao corpod o soldado que se solidificam depois, moldadas, nos capacetes e visores... um luxo para o combate moderno. Mas não temos nem mesmo uns tanques modernosos como um daqueles de canhão rotativo do Appleseed. Temos caças legais. E no fim ainda temos que roubas os caças dos Aliens. De novo. Nem conseguimos construir bons aviões. Nossos japoneses nesse filme não eram mais aqueles... 

Tudo bem que não teria filme se fosse diferente, que precisamos dessas licenças cinematográficas... mas uma nave daquele tamanho ia queimar toda a atmosfera da Terra ou, pelo menos, jogar tantos detritos no céu que aquele deserto com céu azul na batalha final deveria estar cinza e o mundo encoberto em penumbra. Fora que eu acho que aquele aumento de massa no planeta em um único ponto ia desequilibrar o pião do baú e zuar nosso movimento de rotação... 

E mais: se a tecnologia dos aliens é base em consumo de núcleos planetários como o Galáctus, de onde está vindo a energia para alimentar as tranqueiras que fizemos com a tecnologia que pegamos deles? Vamos consumir nosso planeta até que ele corra o risco de explodir e tenhamos que mandar o Carlos Leonardo, o pequeno Caleo, para outro planeta onde possa crescer mais forte e ser um herói vestindo aquela camiseta pirata muito show do Superman? 

Robôs... como não destinamos muitas das tarefas diárias a robõs, mesmo que grande parcela da humanidade destruída? Tanto que logo no começo do filme temos uma atividade de piloto de guincho que não caberia mais a seres humanos fazer... não é possível que em 20 anos de acesso à tecnologia alienígena avançada se não tenha conseguido inteligência artificial descente. 

Ah... lembrei... se eles tivessem inteligência artificial decente, não teríamos sobrevivido no primeiro filme.