sábado, 13 de maio de 2017

Alien: Convenant - Alienado



O xenomorfo de Alien - O 8º Passageiro, com aquele desing criado pelo H.G. Giger (5 February 1940 – 12 May 2014) já entrou para a nossa cultura popular, para a cultura nerd de forma irreversível. Já imaginamos nossos inimigos sendo hospedeiros dos aliens só pra imaginar o peito deles abrindo.
James Cameron dirigiu o Aliens: O Resgate em 86 e sacramentou os bichinhos de língua com boca dentuça, fora nos apresentar aos Colonial Marines. Claro que os filmes ajudaram a Sigourney Weaver a ficar conhecido no mundo todo. 

Meu!!! Eu tenho a caixa do Alien na estante! Eu tenho um xonomorfo na outra estante!

Aí um belo dia temos a notícia que o Ridley Scott e seu coração bate, seus olhos brilham e você pensa no terror que pode ser, já que Aline 3 e 4 foram... esquisitos. O 3 tentava voltar às raízes mas é meio estranho. O 4 é troncho demais. Os Alien Versus Predador são medianos e alguns consideram ruins. Eu até gosto, com algumas reservas. Mas lembramos de tudo isso e temos esperança de algo bom quando o pai da criança volta pra casa. 

Aí veio Prometheus. 

Não é um filme ruim. Tem uma Charlize Theron meio megera que me deixa meio abobado. O Idris Elba tá bem. Aquela menina daquele filme europeu também. E temos o MIchael Fassbender. O roteiro é meio assim. Poderia ser mais instigante. POderia. Mas não é. Mas não é um filme ruim. Só tem algumas coisas mal explicadas. A cena da navinha chegando ao planeta enorme é maravilhosa. Gosto dessas cenas de espaço. Numa escala 10, vai um 6,5. 

Ai esperamos o que vem depois. E vem Covenant. 



Os trailers te deixam com vontade de ver. O vídeo de ligação entre os filmes divulgado duas semana antes do lançamento te deixam com vontade de ver. Aí você vê e fica pensando em como desver. 

Vamos falar do filme sem dar spoiler, vamos falar pelo que podemos perceber do trailer pra não estragar a surpresa. Apesar de que, se você vai sempre ao cinema, vê filmes em casa, baixa pra ver, sei lá, dá seu jeito, não vai ter surpresa nenhuma no filme. É cantado o momento de cada vítima e de cada ataque das criaturas. Não tem suspense ou surpresas. Então, se aparecer algum spoiler, não é spoiler, você não precisa de mim para saber como a coisa vai acabar. 

Covenant é o nome da nave de colonização que está indo para planeta que pode ser terraformado para receber vida humana, carregando suas mais de 2000 almas. Uma evento cósmico obriga Walter, o sintético da nave, a acordar a tripulação para a emergência. 



Sabe, tripulação de emergência? Aquele pessoa treinado e preparado, astronautas prontos para lidar com o impossível para sobreviver no espaço? Igual ao Matt Damon no Perdido em Marte, que também é dirigido pelo Ridley Scott? Mecânicos, técnicos, militares, gente experiente e pronta para lidar com situações de risco no espaço. Esse pessoal que é acordado, esse povo bom. E quando consertam a nave, um chamado, pasmem que inédito, um chamado de rádio é captado e o esquadrão anti-sinistro vai investigar um planeta ainda melhor que o que eles estão indo colonizar, prontinho para ser colonizado. Como não viram antes, vai saber. 

Aí começam os absurdos. 

Você vai para um planeta possivelmente hostil, desconhecido, desce para dar uma espiada, e você não está na Interprise, para que seus scanners de longa distância digam se é seguro ou não andar por esse planeta classe M; você desce e já dá um abela cafungada nesse ar alienígena. Ninguém tem medo de respirar um esporo, um pólen, um patógeno qualquer. Meu, Vida, aquele filme que ninguém quis ver do micróbio que vira geléca e quer destruir tudo que não é ele, já ensinou que você não desce num planeta desses sem uma roupa de proteção até colher amostras e testar tudo. A NASA já ensinou isso. Só se você tem filtros biológicos no teleporte. Mas esse pessoal vai passear no jardim da morte de boné e jaqueta com a mochila nas costas como quem vai fazer uma trilha. 




Como o trailer mostra, o povo pega o peste no ar e aí o povo entra em pânico. PÂNICO. Sabe, aquele pessoal preparado e treinado para situações de emergência e sinistros? Então, a mina entra em pânico junto com a outra mina e aí começa a ir tudo pro vinagre, porque ninguém obedece protocolo de proteção contra patógenos. 

Surge o David, não é surpresa, a bola tava cantada. E você já saca que ele não é legal. Meu... desculpa, mas eu vou falar: o David meio que vira o HAL 9000, o computador com vontade de ser perfeito e não tá afim de concorrência com a humanidade. 

Walter... vá para Dagobah

Walter... I'm your father.

Daí pra diante vemos capitão de nave que arrisca todos os seus passageiros, gente que anda sozinha pra vc saber que vai morrer, e etc, etc, etc. Nem vou dizer que é clichê, pq é ruim, mesmo. Até a maior reviravolta não é surpresa, porque é tão cantado e esperado que não significa nada. 


A atuações são nada impressionantes e não nos ligamos a personagem nenhum. Não lembramos o nome de ninguém, nem da mocinha do filme. Quase nem vemos que o James Franco tava no filme. A gente lembra do Walter e do David porque o Fassbender leva o filme nas costas, mas não salva o filme. Nem declamando Ozymandias de Shelley. 

Meu nome é Ozymandias, rei dos reis:
Contemplem minhas obras, ó poderosos, e desesperai-vos!

Pior é que o filme, de certa forma, presta um desserviço à cronologia e à mitologia do Alien, pois muda coisas do universo expandido )se é que podemos chamar assim) em quadrinhos e livros, impossibilita todos os Alien VS Predador e te deixa imaginando com que isso vai ser ligado ao Oitavo Passageiro no próximo filme, pois vai ter pelo menos mais um. Quem escreveu o roteiro estava alienado. OU queria deixar todo mundo alienado sobre tudo que já conhecemos do Alien. Ou o Scott queria nos surpreender. Mas fez como aquele vô que quer te surpreender no seu aniversário e te dá um par de meias. 

Nota 4. E porque eu estou feliz hoje. 




Alien: Covenant (EUA, 2017)
Direção: Ridley Scott
Elenco: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBrite, 
Duração: 123 minutos

sábado, 11 de março de 2017

Gongando o Kong


E estreou essa semana o novo filme do King Kong, Kong - Ilha da Caveira. 

E o que achamos do filme? Podia ser pior. Mas é legal até certo ponto. 

Vamos falar das partes boas e vou falando do que me incomoda em relação à elas e depois falo do que é realmente ruim. 

O filme se passa em 1973, e pega exatamente os dias da retirada dos Estados Unidos do Vietnã (uma das locações do filme, inclusive) e isso claramente é justificado para a curiosa descoberta da Ilha da Caveira pelos primeiros mapeamentos com fotos de satélites. Claro que uma ilha envolta em uma tempestade que nunca acaba provavelmente já teria sido avistada de alguma forma, mas serve também para criar um tipo de mística quanto ao lugar, como se fosse um Triângulo das Bermudas do Oceano Pacífico. Em alguns momentos você quase tem umas recordações de Jonny Quest, um certo saudosismo das produções originais dessa época (pelo menos pra gente da minha geração, talvez). Isso é uma das partes boas do filme, pois não é uma época distante que precisa de mais cuidado com o visual e também não é uma época tão moderna em que os absurdos não são possíveis. 

Bill Landa (John Goodman)



Então, na premissa da história, Bill Randa (John Goodman) consegue permissão para acompanhar uma missão LandSat. O Landsat foi uma projeto da NASA que, à partir da segunda metade da década de 60, usou mapas para rastrear e observar recursos naturais terrestres. Meu, perfeito como desculpa para explorar uma ilha inexplorada, mesmo que isso lembre um pouco a premissa do King Kong de 1976 em que o pessoal buscava petróleo. Já se percebe que a organização governamental liderada Landa não está preocupada somente com recursos naturais e ele pede uma escolta militar. 

Cel. Preston Packard (Samuel L. Jackson)
Aí entra o nosso bom e velho Samuel L. Jackson como Coronel Preston Packard, um homem em retirada de uma guerra que ele não sente perdida, mas abandonada, um reflexo bem comum dos militares estadunidenses da época, que tinham a sensação de que a guerra poderia ter sido ganha se os tivessem deixado luta-la. Um homem inconformado com o desperdício de vidas de seus comandados. .
Mason Weaver (Brie Larson) e James Conrad (Tom Hiddleston)
Para completar a equipe, temos uma fotografa pacifista Mason Weaverm que atuou no Vietnã, vivida por Brie Larson, ganhadora do Oscar. A única mulher no elenco chega falando grosso, mais se equiparando aos brucutus com quem tem que lidar do que como uma personagem feminina. Dá a impressão que podia ser um ator que não ia fazer diferença, já que o foco do filme não é um macaco gigante apaixonado por uma loira gata. Justamente por isso é meio que desperdício uma ganhadora do Oscar estar em um filme pipoca. Não que quem ganhe Oscar não possa fazer papéis ruins ou genéricos, como é o caso. Afinal, todo mundo precisa ganhar a vida e por comida na mesa, não é mesmo?

Surpresa é o Loki, o nosso bom Tom Hiddleston, no papel do ex-SAS James Conrad, que o Sr. Landa vai procurar em um bar do sudoeste asiático com todos os clichês que já vimos em Braddock, De Volta para o Inferno, O Franco Atirador e tantos outros filmes que mostram alguém indo procurar alguém no submundo daquela parte do mundo. Ele age como o mercenário durão e já faz seu cartaz na entrevista de emprego sobre o porquê que ser tão valioso para os "cientistas". O ator é bom, mas talvez o personagem não fosse para ele. Não convence como o SAS. Tem uma velha piada russa que diz: "-Foram os americanos... - Como vc sabe? - Se fossem os SAS britânicos, só saberíamos que estiveram aqui de manhã; se fossem os israelenses, nunca saberíamos, pois os mortos não sabem de nada."


Então meio que o roteiro não me convence que ele seja um SAS especialista em sobrevivência. É como se faltasse alguma coisa para nos convencer disso, de que ele é o super trooper que um SAS deve ser. Principalmente nos pontos de conflito com o Cel. Packard, ficando só para bem próximo do final ver como isso se resolve. Por isso a solução e separar os grupos e tornar os dois núcleos separados para um contar como é a ilha e o outro quem é Kong. 


Dessa vez, os nativos são asiáticos em uma ilha do Pacífico, na verdade, vietnamitas mudos e a história do Kong é contada com a solução de acharem um náufrago que vive na ilha desde a Segunda Guerra, o Ten, Hank Marlow, interpretado pro John C. Reilly. Essa é a parte em que alguém conta a história e os mistérios da ilha para o público se ambientar na história em vez de adivinhar tudo ou o sábio ocidental deduzir tudo. É meio chato. Mas funciona melhor que achar nativos que falassem inglês. 

Hank Marlow (John C. Reilly) 
A fauna da ilha é apresentada aos poucos, depois do encontro dos helicópteros com o jovem Kong. Sim, o jovem Kong, já que o filme deixa claro que ele ainda não atingiu seu tamanho adulto, por isso ele ainda não é o "King". Se algumas partes de megafauna resultante de gigantismo insular é plausível dentro da premissa do filme, outras são meio deslocadas, como encontrar cervos. Eu esperava grande roedores anfíbios, como capivaras e antas, ou algo mais estranho. Pelo menos os grandes monstros da ilha satisfazem o desejo por ver monstros criando problemas para os estranhos. Achei a cena da aranha gigante muito interessante. 



Bom, claro, como mostra o trailer, que os exploradores encontram o Kong depois de lançar cargas sísmicas para explorar a formação geológica da ilha. Sim, isso era assim mesmo: alguém colocava sismógrafos especiais em algum lugar e alguém detona ou lançava cargas explosivas para que a reverberação do impacto pudesse ser detectada e ter um mapeamento. Hoje se usam radares e sonares e outros métodos menos destrutivos. Mas isso era o gancho para irritar Kong e mais uma razão para o filme se ambientar nos anos 70. E quando o macacão aparece pela primeira vez é legal. Você se convence de que não é exatamente um gorila, mas uma espécia de símio  



Esse primeiro encontro define duas grandes inspirações do filme: Apocalipse Now de Coppola e Moby Dick. O filme é uma homenagem à Apocalipse Now e O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, o livro que inspirou o filme. O livro trata de um retrato do sistema colonial francês na África e é uma narrativa em primeira pessoa muito assombrosa. Eu amo o livro e o ritmo dele e como conta a história de alguém indo buscar o líder de uma unidade de exploração para devolvê-lo à civilização, mais ou menos como em Apocalipse Now. Vários personagens tem seus nomes tirados do livro, como James Conrad (Joseph, o autor), Hank Marlow (Charlie, o marinheiro), Chapman (O farol na entrada do Tâmisa entre 1851 e 1957). Faltou chamar alguém de Kurtz.


A revoada de helicópteros de Kong chega na ilha jogando suas bombas e tocando um bom rock em alto-falantes em um Huey. Acho que usar a Cavalgada das Valquírias não combinava com o clima do filme. Mas, é música e bombardeio e para os soldados, vindos do Vietnã e querendo voltar para o Mundo [1] é uma maneira de tornar tudo divertido. 


Claro que dá tudo errado e como um personagem diz "foi uma situação tática sem precedente o por isso não tínhamos como saber o que fazer". E nesse momento o Cel Packard se torna um Capitão Ahab buscando vingança contra a força da natureza que matou seus homens, como o Ahab da literatura quem vingança contra a baleia branca que arrancou sua perna. Sendo Samuel L. Jackson, isso se torna intenso e você assume que ele está errado por ir contra uma força da natureza. E isso se torna o foco dos conflitos quando os grupos se reúnem, pois Conrad não é como um Ismael que narra a história ou mesmo um Sr Starbuck. É algo entre isso e vai além, mas em vez de um Qui Queg temos a fotografa que poderia ser um fotografo que poderia nem estar lá.  

O conflito sobre certo ou errado ir contra a natureza
Uma vez em terra a exploração da ilha, lenta e deslumbrante parece, mesmo, uma ode a Fitzcarraldo e insignificância humana em sua luta com uma natureza inclemente, tanto quanto a arrogância do homem em tentar, com a sombra de, se conseguir, acabará por destruir a si mesmo, na máxima do arquiteto da própria destruição. Tanto nas artes conceituais essa citação a Fitzcarraldo poderia ter sido realmente escrachada no filme. 

Concept Art - Puxar um barco pela floresta... Fitzcarraldo total. 







Isso se comprova quando Kong não mata quando não precisa, enquanto o ser humano o caça por vingança. 

Agora falar do que realmente me incomodou, do que não gostei, daquilo que achei me chamaram de idiota.

1- O navio de carga que serve como porta-helicópteros leva claramente um CH-53 Sea Stallion no heliponto da popa e um CH-47 Chinook no heliponto da proa e quatro UH-1 Huey no convés central. 

Mas de onde, em nome de todos os deuses do ar e do voo, de onde eles tiraram e decolaram doze Hueys? Gente... 12!!! e só tinha 4 no conves!!!  E dois com o nariz pintado com a cruz vermelha de resgate em um hangar no castelo de popa que depois viram 3!!!


2 - São uma unidade de Cavaleria Aérea, com pessoal de helicóptero, que são pilotos, co-pilotos e artilheiros. As aeronaves não estão carregando pessoal de infantaria para uma missão, então falamos só das tripulações e de suas aeronaves. E morrem vários.

Onde foi que conseguiram um M2 Ma Duce .50 BMG com o tripé?
Gente, isso é pesado demais para ser levada por um soldado, fora a munição. Quando transportada pela infantaria, essa arma é desmontada e distribuída em uma guarnição de 5 soldados. 5!!! E pra montar isso num reparo tripé M3 não leva 15 segundos. 


3 - Lança-chamas foram usados no Vietnã, mas estavam na lista de armas especiais. Não tinha razão nenhuma para ter um lança-chamas numa missão de exploração, Não engoli essa também. 



Fora isso, o núcleo dos militares funciona. Parecem mesmo os caras que querem voltar pra casa depois da guerra enquanto outros viram guerra demais e outros viram guerra de menos. De fato, o único personagem que evolui no filme é o Cel Packard. Os outros, ficam daquele jeito. 

Para quem viu todos os filmes de King Kong, o pano de fundo mudo um pouco e isso é bom, mas no decorrer do filme se reconhecem as cenas, os truques e se percebe que não é um filme realmente novo, só os detalhes mudaram. Kong não vai para a cidade, não é capturado e fica apaixonado pela mocinha. Mas as lutas com a fauna da ilha, os monstros vilões e tudo mais, com tribo nativa e muro gigante estão lá, sem novidade. Ter um Ahab e não um empresário oportunista muda, dá outro ritmo, mas ainda assim tudo soa como se já tivesse sido visto em outro filme, mesmo que o conjunto funcione. 

Resumindo, Kong - Ilha da Caveira, é um ótimo filme para se divertir. Tem problemas, mas acho que sói pra gente chata como eu. Não deve agradar a todos, mas é algo a ser visto.

Inclusive porque é o primeiro de um universo cimatográfico já denominado de "Monsterverse" com o próximo sendo "Godzilla - King of Monsters" com precisão de lançamento para 2019 e "Godzilla vs Kong" em 2020. Justamente por isso, além de montar um universo compartilhado como a Marvel, também adotaram a cena de pós-crédito para falar do que vem por ai. Ao ler os créditos antes da cena, terá pista do que vai aparecer na cena. Então não saia correndo do cinema se quiser saber o que vem por aí. 

Kong - Ilha da Caveira (Kong - Skull Island, EUA, 2017)
Diração: Jordan Vogt-Roberts
Com: Tom Hiddleston, Brie Larson, Samuel L. Jackson, John Goodman John C. Reilly
Duração: 120m

Kong - Skull Island também gerou uma linha de brinquedos e action figures produzidas pela Lanard usando moldes do The CORPS. Não sabemos ainda se isso setá lançado no Brasil, mas já está disponível nos EUA e Europa.




[1] Quando no Vietnã, os soldados contavam os dias para voltar para o Mundo, ou seja para casa. quando faltava pouco tempo para voltar ao Mundo, eles estavam "Curtos" e já era o período que muitos começavam a reclamar de qualquer missão que pudesse mata-los e impedir sua volta para o Mundo.

quinta-feira, 2 de março de 2017

Logan: finalmente logado com o Wolverine




Quando foi anunciado que o último filme do Hugh Jackman como Wolverine seria baseado nos quadrinhos, especificamente O Velho Logan, eu pensei, com o perdão da má palavra, "caralho!!! Como vão rodar O Velho Logan sem os personagens??? A Fox só tem direito ali à Rainha Branca e o Dr. Destino!! Isso vai dar merda!!"



E fiquei pensando nas burradas imensuráveis que a Fox poderia fazer com o filme.

O Velho Loga conta a história de um Wolverine aposentado, que jurou nunca mais usar suas garras em um mundo onde os vilões venceram. Os Estados Unidos foram divididos em 4, com a Costa Oeste sendo governada pelo Hulk, que virou um tipo de coronel do Sul dos EUA que pegou a prima e teve um monte de filhos com ela e governa com a família de rednecks. É onde o Logan vive e toca uma fazenda, tomando conta da mulher e dos filhos e sofrendo para pagar o aluguel para o povo do Hulk.

E fica assim até que um dia, chego o Gavião Arqueiro, cego, e propõe uma viagem para levar alguma coisa para o outro lado do país e ganhar uma grana que garantiria anos de paz com a fazenda. O Logan topa e vão. Passam pelo territória que era de um cara que acabou sendo morto pela filha do Homem-Aranha que se torna a nova governante do território e quer matar os dois pra fazer fama. Depois passam pelo território do Dr. Destino, que casou com a Rainha Branca, e isso faz com que tenham passagem pacífica por esse território, até chegarem no território do Caveira Vermelha, que vive na casa branca travestido de Capitão América, meio pinel, meio Coringa. 

Ele consegue, volta pra casa, e acha todo mundo morto porque os filhos e netos do Hulk acharam que ele não conseguir voltar. Aí devoraram a família do Logan. Ele fica puto e a promessa de não usar as garras vai pro vinagre e vemos muito sangue verde para encerrar a história.


É uma história pesada de futuro distópico que faz com que gostemos mais ainda no Logan, um homem carcomido pela culpa e pelo peso dos anos. 

Aí nas primeiras imagens do filem você já sabe que não vai ser o velho Loga, pois colocaram a X-23 na história.  E você pensa... "mas... como vão contar a origem da X-23... ela foi clonada pela IMA... a Fox não tem direito de uso da IMA... " e eles já deram a explicação no final de X-Men: Apocalipse, mostrando a empresa do Sr. Sinistro. Ok, pode ser. Mas eles usaram os nomes dos cientistas que a criaram. Menos mal. A tempo: a X-23 foi criada para a série animada X-Men: Evolution,e só foi incorporada aos quadrinhos depois, com o detalhamento de sua história, poderes e personalidade. 





Aparece um Xavier velho. E senil. 


HUm... vamos ver o que o filme nos reserva. 

E finalmente o filme estréia e percebemos que a única premissa de O Velho Logan que usaram foi o conceito de um Logan cansado e o drama de road movie. E ficou ótimo! Tanto que não se sente passarem as duas horas e vinte de filme. Se fosse ruim, cansava. 


A primeira cena é o Logan tentando impedir que roubem sua Limousine, seu ganha pão. Temos já nessa cena o primeira resposta sobre a crueza da coisa. Tem cenas dessas violência no trailer, então não é spoiler. É brutal. E triste ver o quanto ele se preocupa com o carro para não parar de trabalhar e ganhar dinheiro.  

Temos também um Caliban (Stephen Merchant) cansado que ajuda Logan a cuida de um Professor Xavier que não tem mais controle sobre seus poderes e que precisa ficar medicado para não causar catástrofes psíquicas. Penúria. É a sensação que temos. De um final inglório para pessoas que tanto fizeram para salvar o mundo.



Até o dia que aparece a mulher com a menina para o Logan cuidar, bem no estilo "pega que a filha é tua". Dai por diante é a fuga, a viagem para algum lugar. 

Eu pensei que o Hugh Jackman tinha atingido o seu auge de interpretação em Os Miseráveis, mas me enganei. Nunca vimos um Wolverine tão humano, tão confrontado com seus fantasmas, tão vulnerável. Enfim, Wolverine nunca foi tão humano. O ápice dessa humanidade, ao final do filme, é tocante e explica porque algumas pessoas choraram nas apresentações para a imprensa. Não sabemos se o que o mantém ligado ao Professor Xavier é culpa, lealdade, devoção, dever ou sincera amizade, mas é um laço que é mantido até o fim, como devem ser longas amizades. Alguns dos diálogos engraçados são dos dois, pois a condição humana também é ápice de um Xavier nonagenário e dependente. Se sempre entendemos que o professor paraplégico tinha algumas necessidades especiais, a velhice fragiliza ainda mais a situação. Nos compadecemos de como podem cair os poderosos e mais ainda ao perceber o quanto um simples jantar em família pode ser precioso para quem perdeu tudo. 



A menina Laura, a X-23 é interpretada pela jovem Daphne Keen Fernández, atriz britânico-espanhola, e se mostrou uma escolha muito boa usar uma criança em vez de uma adolescente. Primeiro, porque isso ajuda a criar um laço de paternidade mais facilmente assimilável, embora esse seja um dos problemas do filme: como a personagem é muda até quase o final do filme, não criamos uma simpatia genuína com ela. Se ela morresse no final do filme, só sentiríamos a morte de uma criança sofrida, clonada para ser uma arma. Quando ela fala, também, parece o ogam de tanto que reclama. Não, não é spoiler, a X-23 não é muda em mídia alguma. O quando ela fala que é surpresa, junto com a demonstração de outros talentos. A segunda coisa é que, se usassem uma adolescente, não seria a mesma coisa. Adolescentes são chatos, cheios de hormônios e, para o cinema, creio que poderia até haver uma sexualização da personagem. 

O fato de não ter continuação, ser o fim de uma saga, também resolve o futuro, pois se o esqueleto da X-23 também é de adamantium, os ossos não não crescer então ela não cresce.Seria uma menina velha para sempre. Mas isso não fica claro no filme e nos quadrinhos o esqueleto dela não é totalmente de adamantium. então, nunca saberemos. Ou não. Sei lá. 

Os vilões estão lá, mas não são vilões espetaculares. São apenas para termos o enfrentamento. O vilão real é o mundo como ele se tornou, os tempos que mudaram. Donald Pierce, o mercenário carniceiro interpretado pelo cara do DEA de Narcos, Boyd Holbrook, não é nem de longe, o Rei Branco do Clube do Inferno em sua origem dos quadrinhos. Aqui é um mercenário, líder dos Carniceiros, incumbido de trazer a X-23 de volta. Ele nem que treta com o Wolverine. Não foi pago pra isso. Mas se fosse pra ser somente assim, não teria filme. O criador da X-23 também esta lá, do Dr. Zander Rice, interpretado por Richard E. Grant. Mas como eu disse, como vilões, eles tem pouco impacto. Poderia ser qualquer outra equipe mercenária e qualquer outro governo e qualquer grupo que faria pouca diferença. Eles tem, em si, pouco apelo dramático além de ajudar a contar como o mundo se tornou o que é, o porque não haver mais mutantes, de como as corporações dominaram a vida. Se tornar acessórios narrativo, ferramentas para desenvolver os personagens que contam. 





A violência do filme é limpa, não é gratuita e nem desnecessária. Mas é brutal muito gráfica, vemos o Wolverine como é nos quadrinhos: se tem que ser feito, que seja feito logo. Mesmo porque, o fator de cura do Logan está bugado, fraco, ele está sendo envenenado pelo próprio adamantium de seu corpo, por isso toda luta é um custo alto e deve ser evitada ou encerrada logo. Wolverine não é mais imortal. E no fim, a maior luta de Logan é com ele mesmo. 



Eu gostei muito do filme, mas tem algumas pequenas mancadas de roteiro e, apesar de todo o esforço dramático de Hugh e Patrick, existem momentos entre Logan e Xavier que parecem sem cola, enquanto em outros estão soberbos. Comparados com os outros dois, o nível elevou drasticamente. Wolverine: Imortal é tão ruim que não consegui rever nem em reprise na TV. O primeiro eu até gosto, apesar das pessoas que não sangram. Mas Logan se supera como um dos melhores filmes so Universo X-Men, tendo sua cronologia atrelada aos três filmes originais, reforçando que a Fox não tem linha cronológica que possamos entender. Não é melhor filme de super-herói já feito, não é perfeito, tem momentos em que você sabe o que vai acontecer, coisas óbvias, mas honra o velho carcaju com uma despedida de respeito, que vale a pena ser vista e apreciada. 




Logan (Estados Unidos, 2017)
Direção: James Mangold
Com: Hugh jackman, Patrick Stewart, Daphne Keen Fernánde, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Richard E. Grant
Duração:2h 21m